Agora, há 22 mil discos de vinil para ouvir na Biblioteca de Coimbra

Ao trazer para o público a sua vasta colecção de discos, a Biblioteca de Coimbra quer promover a divulgação de cultura e renovar o interesse pelo vinil, numa época em que voltou a “entrar na moda”. Os discos só podem ser ouvidos na biblioteca, com marcação prévia, às quartas-feiras, na segunda e quarta semana de cada mês.

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LUSA/PAULO NOVAIS

A Biblioteca Municipal de Coimbra vai abrir as portas da sua colecção de 22 mil discos de vinil, permitindo a qualquer pessoa a escuta de álbuns e singles, que vão da Canção de Coimbra ao rock progressivo. A iniciativa chama-se Regresso ao Vinil e representa um novo serviço da biblioteca, que passa a permitir a audição de discos do seu fundo fonográfico. Poderá ser feita às quartas-feiras, na segunda e quarta semana de cada mês, mediante marcação prévia em biblioteca.servicodeaudiovisuais@cm-coimbra.pt ou pelo telefone 239 702 630.

No fundo discográfico municipal, a maioria dos discos veio de uma doação feita pela RDP Centro, em 2003. Mas a chefe de Divisão de Bibliotecas e Arquivos, Lurdes Branco, destacou também a doação de um particular, Arménio Nogueira, com cerca de 700 discos de música portuguesa — alguns de Canção de Coimbra, onde se apresentam vários discos de 78 rotações. “É muito procurada por investigadores”, notou.

Apesar de um acervo relevante nessa área, a colecção tem discos para todos os gostos, desde clássicos da pop e do rock, passando por bandas sonoras de filmes, jazz, música brasileira ou clássica. Pelo meio, encontram-se raridades, como a banda portuguesa de rock progressivo Petrus Castrus, o álbum Changri-Lá, de Carlos Alberto Vidal, antes de o músico se assumir como Avô Cantigas, ou o disco de estreia da Banda do Casaco, de 1974, passando pelo avant-garde dos Telectu, que juntou Vítor Rua e Jorge Lima Barreto, ou as gravações nos anos 1960 de Fernando Lopes Graça e Michel Giacometti em Trás-os-Montes.

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“Há muitas e variadas pérolas, quer na Biblioteca Municipal, quer no arquivo e, muitas vezes, a cidade não conhece estas preciosidades enormes”, disse à agência Lusa o vereador com a pasta das bibliotecas, Francisco Queirós. Segundo o responsável, esta iniciativa permite “dar a conhecer aos cidadãos” algo que normalmente estaria reservado a estudiosos e especialistas da área.

“No caso do vinil, sendo um material sensível e que precisa de sensibilidade no manuseio, não é possível levar para casa. Mas qualquer pessoa pode ouvi-los cá”, explicou Lurdes Branco. Segundo a chefe de divisão, há muito que havia esta intenção de abrir a colecção ao público, ainda para mais numa altura em que “o vinil entrou na moda”.

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Cláudia Lemos, funcionária do serviço audiovisual da Biblioteca Municipal, ainda se recorda de quando veio o grosso da colecção, com a doação de mais de dez mil discos da RDP, em caixotes. Andou um ano só para dividir em géneros musicais, salientou. Dos 22 163 discos que têm na colecção, 15 834 estão já catalogados e tratados, sendo possível qualquer pessoa pesquisar o catálogo no site da Biblioteca Municipal, podendo depois ouvi-los lá. “Espero que seja um sucesso”, comentou, dizendo acreditar que os discos não serão apenas escutados por um público mais velho, mas também pelos jovens que por ali passam para estudar e que dão uma atenção ao vinil que se perdeu com a chegada dos CD.

O vinil está de volta. E eu percebo isso até lá em casa. Tenho uma filha de 14 anos e que quando passa na Fnac pede para comprar vinil”, salientou a funcionária, admitindo que não esperava este ressurgimento, ainda para mais numa geração que cresce a ouvir música através da internet. Lurdes Branco assumiu “uma emoção” por abrir as portas do fundo, à espera que ouvidos, novos e velhos, dêem uma nova atenção às preciosidades que aquele fundo preserva.

“As bibliotecas existem para a divulgação da cultura. É essa abertura que estamos a tentar imprimir o mais possível”, afirmou Francisco Queirós, salientando que essa intenção não passa apenas pela abertura da colecção de vinis, mas também por outras medidas, como a digitalização de documentos do arquivo ou abrir a biblioteca ao Jardim da Sereia. “Queremos que, especialmente na primavera e no verão, os cidadãos possam usufruir da biblioteca no Jardim. Queremos levar a biblioteca aos cidadãos. Nada importa, nada interessa em ter as coisas fechadas apenas para especialistas”, vincou o vereador.

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