EUA estudam sanções contra a ex-ginasta russa Alina Kabaeva, tida como namorada de Putin

Desde a invasão russa da Ucrânia, os EUA sancionaram Putin, os seus associados e até as duas filhas do seu antigo casamento com Ludmila Ocheretnaya, de quem se divorciou em 2014. O próximo alvo poderá ser a ginasta nascida no Uzbequistão que chegou a ser descrita como “a mulher mais flexível da Rússia”.

Foto
A ginasta (à direita) marcou presença, há dias, no Festival Alina, em Moscovo DR

Alina Kabaeva, uma famosa ginasta russa identificada como namorada do Presidente russo Vladimir Putin, é um potencial alvo de sanções, adiantou a Administração Biden, depois de esta semana terem sido levantadas questões sobre a falta de sanções contra a mulher.

“Ninguém está a salvo das nossas sanções”, disse a assessora de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki, na segunda-feira, após o Wall Street Journal ter relatado que os Estados Unidos tinham tomado uma “decisão de última hora” de retirar Alina ​Kabaeva de um conjunto de novas sanções. “Há muito mais coisas que provavelmente faremos”, acrescentou Psaki.

Desde a invasão russa da Ucrânia, a 24 de Fevereiro, os Estados Unidos sancionaram Putin, os seus associados e até as duas filhas do seu antigo casamento com Ludmila ​Ocheretnaya, de quem se divorciou em 2014​. O Presidente Biden disse também no mês passado — antes de a Casa Branca recuar na sua observação — que Putin “não pode permanecer no poder".

Mas Alina Kabaeva é considerada tão próxima de Putin que, explicou o Wall Street Journal, as sanções contra a ex-ginasta poderiam correr o risco de perturbar ainda mais as relações entre Washington e Moscovo. Os líderes globais estão a pressionar para que a Rússia se empenhe em conversações de paz significativas, e o embaixador russo em Washington, Anatoly Antonov, disse esta semana que o Kremlin quer “estabilizar” e “desenvolver” relações com a Administração Biden.

As sanções contra as filhas de Putin, Katerina ​Tikhonova e Maria Vorontsova, foram aplicadas depois de terem surgido provas do que os Estados Unidos e outras nações descreveram como crimes de guerra cometidos pelas forças russas na região de Kiev, na Ucrânia, incluindo decapitações, tortura, assassinatos aleatórios de civis e a mutilação de cadáveres.

Foto
Alina Kabaeva chegou a ser descrita como “a mulher mais flexível da Rússia” DR

O Ocidente visou os associados do Presidente russo e os seus familiares porque considerou que “Putin e muitos dos seus companheiros e oligarcas escondem as suas riquezas, escondem os seus bens junto de membros da família”, disse um alto funcionário da Administração Biden este mês, falando sob a condição de anonimato nos termos estabelecidos pela Casa Branca.

Por exemplo, no ano passado, o The Washington Post e um consórcio de organizações noticiosas revelaram documentos que indicam a propriedade de um apartamento de luxo no Mónaco por outra mulher que terá estado romanticamente envolvida com Putin. A avó de Alina Kabaeva também adquiriu um apartamento de luxo à beira-rio, em São Petersburgo, a um sócio comercial de Putin, de acordo com relatos dos meios de comunicação russos.

Durante muito tempo, o Kremlin negou a relação entre Putin e Kabaeva. Um jornal russo que publicou uma reportagem em 2008 ligando os dois foi misteriosamente encerrado pouco tempo depois, embora várias reportagens tenham sugerido que os dois já casaram em segredo e tiveram filhos (acredita-se que têm quatro a cinco filhos).

Alina Kabaeva, a ginasta nascida no Uzbequistão que chegou a ser descrita como “a mulher mais flexível da Rússia” — e uma das atletas mais medalhadas da história da ginástica rítmica: duas medalhas olímpicas (uma de ouro), 14 no Campeonato Mundial e 21 no Campeonato Europeu —, parece ter terminado a sua carreira desportiva por volta da altura em que começou a ser associada a Putin. Mais tarde, assumiu um lugar de deputada pelo partido Rússia Unida, de Putin, e foi uma das seis portadoras de tochas durante a Cerimónia de Abertura dos Jogos Olímpicos de Inverno de Sochi de 2014.

Foto
Alina Kabaeva com ginastas no Festival Alina DR

Na semana passada, a antiga ginasta foi vista publicamente pela primeira vez em meses no Festival Alina, em Moscovo.

Embora a mulher ainda não tenha sido sancionada pelos Estados Unidos, foi identificada juntamente com Putin e a sua família num projecto de lei apresentado pelos republicanos (Lei de Responsabilidade de Putin) que visava dissuadir o líder russo de invadir a Ucrânia. Parte da legislação proposta exigia um relatório “sobre o património líquido estimado e as fontes de rendimento conhecidas de Vladimir Putin e dos seus familiares, bem como de Alina Kabaeva”. O projecto de lei, de acordo com uma declaração republicana na altura, procurava “impor sanções a Putin, aos seus familiares, à sua amante e à sua rede cleptocrática de oligarcas”.

com Julian Duplain


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post
Tradução e adaptação: Carla B. Ribeiro

Sugerir correcção
Ler 7 comentários