Suécia e Finlândia coordenam pedidos de adesão à NATO

Suécia e Finlândia enfrentam tom ameaçador da Rússia e concordam em apresentar pedidos de adesão à NATO de forma simultânea e até ao final do próximo mês de Maio.

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A primeira-ministra sueca Andersson encontra-se com a primeira-ministra finlandesa Marin em Estocolmo Reuters/TT NEWS AGENCY

Um jornal sueco e outro finlandês informaram, esta segunda-feira, que os governos da Suécia e da Finlândia concordaram em apresentar pedidos de adesão à NATO de forma simultânea. Garantem ainda que este pedido acontecerá em meados do próximo mês de Maio.

O jornal finlandês Iltalehti informou que o Governo sueco expressou à Finlândia o seu desejo de que ambos os países se inscrevessem no processo de adesão à Aliança Atlântica de forma conjunta na semana de 22 de Maio. Fontes do Governo sueco, citadas pelo jornal Expressen da Suécia, confirmaram a informação.

A invasão da Ucrânia por parte das forças militares russas foi o acontecimento que desencadeou a concretização desta vontade crescente, uma vez que ambos os países se podem sentir ameaçados — nomeadamente a Finlândia, que faz fronteira directa com a Rússia.

Embora não sejam membros da NATO, estes países nórdicos cooperam estritamente com a instituição, permitindo, entre outras coisas, que as tropas da aliança treinem no seu território. Helsínquia e Estocolmo intensificaram também, substancialmente, a sua cooperação bilateral em defesa nos últimos anos.

A Suécia e a Finlândia são, há décadas, países neutros sobre conflitos armados. A invasão recente da Ucrânia veio, contudo, relembrar um dilema de ambos: se, por um lado, procuram maior segurança e protecção militar contra ameaças externas, por outro, a Rússia sobe o tom dos avisos aos países vizinhos do Norte da Europa, antevendo a aproximação à NATO.

Pela primeira vez, uma sondagem do Instituto Novus, na Suécia, afirma que a maioria da população quer juntar-se à Aliança Atlântica — é a vontade de 51% dos suecos, mais 16% do que no início da guerra na Ucrânia. Os sociais-democratas, agora no Governo, têm assumido estar contra a adesão à NATO, mas a invasão do território ucraniano está a mudar a opinião pública e traz de novo o debate ao Parlamento.

Em simultâneo, na vizinha Finlândia ganhou palco a mesma discussão e a ministra dos Negócios Estrangeiros, Tytti Tuppurainen, já assumiu ser “altamente provável” que o país venha a aderir à NATO. “O povo finlandês parece já ter tomado a sua decisão e existe uma enorme maioria a favor”, afirmou. De acordo com o jornal Helsingin Sanomat, 59% dos finlandeses concordam com a adesão.

Em resposta ao tom ameaçador por parte do Kremlin em caso de entrada na aliança, a ministra assegurou, na semana passada, que o Governo tomará decisões com base nos seus próprios interesses e na sua interpretação da situação global. “Já vimos o que a Rússia é capaz de fazer, o que Putin é capaz de fazer. É um ditador implacável e quer recuar aos anos da antiga URSS”, disse, numa conferência de imprensa.

“Imaginem, não sei daqui a quantos meses, passarmos para uma aliança da NATO mais forte, de 30 para 32 membros”, disse à CNN um responsável do Departamento de Estado norte-americano. “Como é que isto pode ser qualquer outra coisa senão um enorme erro estratégico para Putin?”

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