Na Eslovénia, Golob chegou e, em três meses, venceu o populismo

Robert Golob assumiu a liderança de um partido sem representação parlamentar em Janeiro e, três meses depois, é primeiro-ministro. Uma receita para derrotar o populismo de Janez Jansa, por um rosto novo na política eslovena.

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Robert Golob, recém-chegado à política eslovena, venceu as eleições legislativas com 35,8% dos votos Reuters/BORUT ZIVULOVIC

Na Eslovénia, o Movimento da Liberdade, criado há menos de um ano, venceu as eleições legislativas com 35,8% dos votos. Em Janeiro reunia apenas 2% a 3% das intenções de voto, quando Robert Golob, recém-chegado à política eslovena, assumiu o leme do partido.

O antigo presidente da empresa estatal de energia Gen-I, que lança projectos de energia sustentável, era até há pouco tempo um desconhecido para a maioria da população, mas conseguiu reunir apoio e derrotar Janez Jansa, admirador de Donald Trump e Viktor Orbán. Deverá formar governo, já que dois partidos da esquerda prometeram que não se aliariam a Jansa.

Golob conseguiu um feito notável: em três meses, foi eleito como chefe de Governo na Eslovénia, à frente de um partido que não tinha sequer representação parlamentar. Como? Tornou a sua campanha num “referendo à democracia”.

Se o voto no “marechal Twitto”, como é conhecido Janez Jansa, traduziria a vontade de o ver assumir um quarto mandato enquanto primeiro-ministro, e com um Governo mais conservador; o voto em Golob significou a rejeição do regime já acusado de autoritarismo, nepotismo e violações da liberdade da imprensa pela União Europeia.

“O nosso objectivo foi alcançado: esta vitória vai permitir devolver ao nosso país a liberdade”, declarou Robert Golob, na noite de domingo, após serem conhecidos os resultados eleitorais. “As pessoas querem uma mudança e mostraram confiar em nós como os únicos que poderão trazê-la”.

Num país dividido, venceu o candidato que prometeu restaurar a “normalidade” no país, acusando o executivo liberal, em funções desde 2020, de tentar sabotar as instituições democráticas e a liberdade de expressão.

“Hoje as pessoas dançam. Amanhã é um novo dia e temos muito trabalho pela frente”, disse através das redes sociais, em confinamento por estar infectado com covid-19. O empresário de 55 anos, formado nos Estados Unidos, trabalha em soluções de sustentabilidade social, ambiental e económica e situa o partido que lidera “entre o centro e o centro-esquerda”.

As projecções dão 40 deputados ao Movimento da Liberdade, número próximo da maioria num Parlamento com 90 assentos. Golob promete, agora, fortalecer relações com a União Europeia, prejudicadas durante o Governo de Jansa.

“Este país sempre foi norteado pela Europa ocidental e estou convencido de que regressaremos à nossa família”, garantiu Golob em declarações à AFP, durante a campanha eleitoral.

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