Eleições em França. Marine Le Pen perde mas tem o seu resultado mais alto de sempre

A candidata da extrema-direita francesa obteve cerca de 42%, segundo as estimativas - em 2012, na sua estreia em presidenciais, não passou de 18%.

Foto
Marine Le Pen, a candidata da União Nacional, antiga Frente Nacional YVES HERMAN/Reuters

A candidata de extrema-direita Marine Le Pen conseguiu o resultado mais alto das suas três candidaturas presidenciais, estimando-se que tenha obtido à volta de 42% dos votos – uma enorme diferença para os 34% que conseguiu em 2017 e os 18% de 2012, quando não passou à segunda volta.

Nas últimas eleições, de 2017, a candidata da extrema-direita disputou a segunda volta com Emmanuel Macron, sofrendo uma derrota assinalável com 34% face aos 66% de Macron.

Já em 2012, a primeira vez que se apresentou a votos em eleições presidenciais, Marine Le Pen não chegou à segunda volta, acabando atrás do socialista François Hollande e do então presidente em exercício Nicolas Sarkozy (Hollande venceu as eleições).

Mesmo assim, Marine Le Pen conseguiu, na altura, superar as votações do pai, Jean-Marie Le Pen, tanto em percentagem como em número de votos, apesar de o pai ter chegado, uma vez, à segunda volta, em 2002 (que perdeu para Jacques Chirac). O pai, fundador do partido então chamado Frente Nacional, concorreu a cinco eleições desde 1974 (falhou uma, em 1981, por não ter conseguido assinaturas suficientes).

O partido tinha causado já sobressalto nas eleições para o Parlamento Europeu em 2014 quando, com 25%, ficou em primeiro lugar, seguido dos conservadores da União para um Movimento Popular com 20%. As eleições europeias são um mau barómetro já que costumam atrair bastante voto de protesto de eleitores que sentem que têm menos a perder, mas a subida dos 6% das eleições anteriores, de 2009, foi de grande dimensão. Em 2019, obtiveram 23%, mantendo, no entanto, o primeiro lugar.

O chamado processo de “desdiabolização” do partido incluiu a expulsão do próprio Jean-Marie Le Pen por declarações homofóbicas e de desvalorização das câmaras de gás nazis, e passou pela mudança do nome do partido, em 2018, para União Nacional.

Marine Le Pen tornou-se “um elemento quase normal da nossa vida política, integrou-se gradualmente e, portanto, a sua imagem também mudou muito”, disse em entrevista ao PÚBLICO o politólogo Bruno Cautrès do CEVIPOF – Centre de Recherches Politiques de Sciences Po. “O programa da União Nacional não mudou assim tanto, mas a atitude geral da candidata mudou bastante. Fez campanha de proximidade, sobre o tema do poder de compra, apagou do seu discurso político os aspectos mais fracturantes, e isso teve o efeito de a normalizar a pouco e pouco.”

Sugerir correcção
Ler 8 comentários