Festival de Banda Desenhada de Beja regressa em Maio e traz Chloé Wary e a dupla Altarriba & Keko

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A Época das Rosas, de Chloé Wary, valeu-lhe o prémio do público no Festival de Angoulême em 2020 DR

A autora francesa Chloé Wary, o português Daniel Henriques, os italianos Andrea Ferraris e Renato Chiocca e os espanhóis Altarriba e Keko estarão em Maio no Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja, revelou o director, Paulo Monteiro.

“É sempre um momento festivo em Beja. Tentamos fazer um festival ecléctico, que chegue a vários públicos”, disse Paulo Monteiro à agência Lusa.

A 17.ª edição voltará à Casa da Cultura de Beja e contará com 16 exposições de autores portugueses e estrangeiros, estando prevista a presença da maioria no primeiro fim-de-semana do festival para encontros com o público.

Da programação, Paulo Monteiro destaca a presença de três nomes conhecidos e publicados com regularidade em Portugal: o desenhador e argumentista Jean-Louis Tripp, que é autor, com Régis Loisel, da série Armazém Central, e a dupla Altarriba & Keko, da qual já foram publicados no mercado nacional os livros Eu, louco e Eu, assassino.

Entre as exposições propostas está uma dedicada à autora e ilustradora francesa Chloé Wary, de quem está publicada em Portugal a BD A Época das Rosas, sobre um clube de futebol feminino e que lhe valeu o prémio do público no Festival de Angoulême em 2020.

Em Beja, o festival contará também com uma mostra centrada no livro Les Portugais, editado este ano no mercado francês (e que terá em breve edição em português), escrito por Olivier Afonso e desenhado por Aurélien Ottenwaelter (Chico).

Luso-francês, Olivier Afonso contou em banda desenhada uma história inspirada na viagem que milhares de portugueses, incluindo os seus pais, fizeram rumo a França nos anos 1970.

Destaque ainda para as presenças dos portugueses Bernardo Majer, Joana Rosa, Rudolfo Mariano e Daniel Henriques, que tem colaborado sobretudo com a DC Comics, e duas exposições que recordam o trabalho de Artur Correia, figura de relevo da BD de humor e da animação, que morreu em 2018, e do luso-brasileiro Jayme Cortez (1926-1987), considerado um mestre da BD de terror no Brasil.

O primeiro fim-de-semana do festival contará também com os autores italianos Andrea Ferraris, autor de Churubusco, e Renato Chiocca. Juntos fizeram The scar (2019), registo inspirado na realidade problemática da migração mexicana na fronteira com os Estados Unidos, e que terá edição portuguesa pela Escorpião Azul.

O autor britânico Andrew Smith, o ilustrador chileno Cristóbal Schmal e o galego David Rubín vão também marcar presença em Beja, numa edição em que haverá duas mostras colectivas: Avenida Marginal e Toupeira – Há movimento debaixo da terra.

O Festival Internacional de Banda Desenhada de Beja decorrerá de 27 de Maio a 12 de Junho e Paulo Monteiro espera ter pelo menos os cerca de oito mil visitantes que passaram em 2021 pelo evento.

O director da Bedeteca de Beja prepara o festival de BD numa altura em que está já em marcha a criação em Beja do primeiro museu em Portugal dedicado à banda desenhada.

“O projecto de arquitectura está concluído e vai agora para avaliação técnica. O acervo está praticamente concluído, a visão para a exposição permanente está estabelecida; falta agora fazer candidatura a fundos europeus”, disse Paulo Monteiro.

A colecção deste museu, no qual a autarquia de Beja está envolvida, integra já mais de mil pranchas originais de autores portugueses como Carlos Botelho, Eduardo Teixeira Coelho, Fernando Bento, José Ruy, Vitor Péon, Fernando Relvas ou Filipe Abranches.

Em declarações à Lusa em Outubro passado, Paulo Monteiro explicou que a ideia do museu “é contar a história da BD portuguesa, desde 1850 até ao início do século XXI”.

O museu vai “ocupar um espaço que é importante preencher em Portugal, país que, “apesar de ter uma história de BD riquíssima”, é “um dos poucos da Europa Ocidental” sem um museu dedicado à Nona Arte.

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