Christian Rizzo põe a dança no sítio onde o mar começa

O coreógrafo francês está de volta ao Festival DDD – Dias da Dança para nos oferecer as costas dos seus bailarinos, activadas pela pulsação da beira-mar. Com os olhos no horizonte, esse lugar-limiar de passagem e superação, talvez possamos contemplar, nós e eles, o vazio onde tudo é ainda possíve: eis Miramar.

Foto
Marc Domage

Miramar. Não tivesse ele tido uma vida em Portugal – e num Portugal eufórico, o dos anos 1990 – e talvez Christian Rizzo desconhecesse que também em português a palavra que escolheu para título da sua mais recente peça, esta em que possivelmente (não é certo) se vê uma luz ao fundo do túnel, é em si mesmo um portal. Memória de um esplendoroso hotel balnear em Cannes, a cidade onde nasceu, e de uma praia em Biarritz a que se afeiçoou, Miramar não é exactamente o pôr-do-sol dos postais de férias que há muito deixámos de enviar, nem a pele bronzeada do final de mais um Verão. Mas isto que nos parece nostálgico e até um pouco triste – tão triste que algumas publicações, lembrando a tal vida portuguesa de Christian Rizzo, logo sacaram da palavra “saudade” –, será afinal a deixa para um recomeço. Não haverá para esse efeito melhor lugar do que este limiar, parecem dizer-nos – de costas para nós, irremediavelmente convocados, mobilizados, pela linha do horizonte – os 11 bailarinos de Miramar.

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