Boris Johnson diz que é “realista” acreditar na vitória de Putin na guerra da Ucrânia

O primeiro-ministro britânico concorda com os especialistas sobre o conflito poder durar até ao final de 2023. E que a Putin só lhe resta, depois dos erros, “tentar esmagar os ucranianos”.

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Forças russas na região de Kharkiv RUSSIAN DEFENCE MINISTRY PRESS SERVICE/HANDOUT/EPA

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, reconheceu esta sexta-feira que existe uma “possibilidade realista” de que as forças russas possam sair vitoriosos do conflito na Ucrânia, que acredita que vá durar até ao final de 2023. “Putin tem um exército enorme. Está numa posição muito difícil porque cometeu um erro catastrófico. A única opção que lhe resta agora é continuar a usar sua abordagem temível e esmagadora, assente na artilharia, para tentar esmagar os ucranianos”, afirmou, citado pela Sky News.

Dizendo que o Presidente russo “está muito perto de garantir uma ponte terrestre em Mariupol” e que “as situações são imprevisíveis nesta fase”, o primeiro-ministro britânico elogiou os ucranianos pelo seu “incrível heroísmo”, e que “não importa a superioridade militar” de Putin, porque não será capaz de “conquistar o espírito do povo ucraniano”.

Falando numa conferência de imprensa em Nova Deli, durante a sua visita de Estado à Índia, Johnson adiantou que o Reino Unido enviará mais ajuda militar às forças ucranianas, nomeadamente artilharia, e confirmou que a embaixada do Reino Unido na capital ucraniana será reaberta no próximo mês.

O Reino Unido vai fazer o que outras potências ocidentais também já adiantaram que iam fazer, continuar a ajudar com armas o esforço de guerra ucraniano, até porque tudo indica que o conflito está para durar. “Não vemos nenhuma perspectiva de que as negociações cheguem a uma conclusão rapidamente ou até que as posições dos dois lados se aproximem um pouco. Mantém-se como provável que o conflito termine com alguma solução negociada, sendo que esta deve respeitar a integridade territorial da Ucrânia”, afirmaram autoridades ocidentais especialistas em defesa citadas pela Europa Press.

Até porque, apesar de ter cometido o erro estratégico de fazer endurecer a posição europeia em relação à Rússia, Putin “ainda está em posição de vencer a guerra na Ucrânia”.

No entanto, acreditam que as forças militares russas terão aprendido com o seu “falhanço” na conquista de Kiev e que se tenham reorganizado, aplicando novos métodos para atingirem os seus novos objectivos - nomeadamente a conquista do sul da Ucrânia para criarem uma ligação entre a Crimeia e a região moldava da Transnístria, de maioria russa e onde, diz Rustam Minnekaev, comandante do Distrito Central do Exército russo, se “realizam actos de opressão contra a população de língua russa”.

Uma ligação entre a Crimeia e a Transnístria implicava que a Rússia ocupasse todo o sul da Ucrânia, deixando o país sem saída para o mar.

Nos últimos dias, desde que as forças militares russas reorientaram os esforços para o Donbass e se tornaram “mais inteligentes” no uso de artilharia e drones, houve uma melhoria na sua capacidade, disse uma das autoridades ocidentais citadas pela Eu.

Ainda assim, os especialistas dizem que os problemas culturais no interior da força russa – que é altamente centralizada e não dá poder às tropas no terreno para tomarem decisões importantes - são os mais difíceis de ultrapassar. “Eles podem ser capazes de ter mais artilharia ou mais logística [uma vez que superam as forças ucranianas numa proporção de três para um], mas a sua cultura interarmas e a boa liderança no campo de batalha vai demorar mais tempo a ser corrigida”, disse Mick Ryan, um major-general reformado do exército australiano que tem estudado a invasão russa. “Mas teriam de ser extremamente estúpidos para não terem aprendido algumas lições com a sua derrota na batalha de Kiev.”

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