São precisos 30 anos para acabar com o fosso salarial entre homens e mulheres em Portugal

É expectável que apenas em 2052 homens e mulheres recebam o mesmo salário médio mensal para funções homólogas. Resultados do relatório que analisou as evoluções registadas na última década vão ser apresentados na tarde desta quinta-feira no evento “As One for Diversity, Equity & Inclusion”, uma iniciativa da Merck em parceria com o PÚBLICO.

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Apenas em 2063 o número de mulheres e homens em posições executivas deverá ser similar Daniel Rocha

Desempenham as mesmas funções, mas têm salários diferentes: este é o cenário actual no que toca aos salários de homens e mulheres, que ganham menos, e que se deverá prolongar durante, pelo menos, os próximos 30 anos. A projecção é de um estudo divulgado esta quinta-feira, que tem por base as evoluções registadas em Portugal na última década (de 2011 a 2021).

Os resultados do relatório desenvolvido pela Spirituc (empresa de estudos de mercado especializada na área médica, a pedido da Merck) vão ser apresentados na tarde desta quinta-feira no evento “As One for Diversity, Equity & Inclusion”, uma iniciativa da farmacêutica em parceria com o PÚBLICO. De acordo com o estudo, “é expectável que apenas em 2052 homens e mulheres recebam o mesmo salário médio mensal para funções homólogas”, lê-se numa nota de imprensa enviada às redacções.

O relatório dá ainda conta de que a desigualdade no acesso a quadros superiores tem vindo a diminuir, “o que significa que há mais mulheres nestes cargos”. Isso significa que o Índice de Desigualdade de Género nessa área decresceu. Contudo, “apenas em 2063 o número de mulheres e homens em posições executivas deverá ser similar”. “Mais perto, em 2033, poderemos esperar igual número de mulheres e homens em Conselhos de Administração”, revela ainda o documento.

O cenário melhora quanto à presença feminina nos governos, que tem vindo a aumentar – na última década cresceu 122%. Dentro de cinco anos, em 2027, “deverá atingir o seu expoente máximo, sendo expectável que se alcance o cenário ideal de igualdade por volta dessa data”.

Ainda no campo dos cenários ideais: é preciso esperar até 2037 para que a totalidade dos homens partilhe a licença de parentalidade com as mulheres; em 2030, 83,7% dos agregados monoparentais ainda devem ser femininos; e só em 2045 é que se deverá alcançar um igual número de homens cuidadores, tal como existe actualmente de mulheres – a proporção é de três mulheres cuidadoras para um homem.

“São dados que nos devem fazer reflectir sobre as mudanças que ainda são necessárias para termos uma verdadeira diversidade, igualdade e inclusão de género”, refere Pedro Moura, Director-geral da Merck Portugal, citado no comunicado.

Os resultados do relatório vão ser apresentados pelas 16h00, num registo híbrido: presencial, no Auditório do jornal Público, e online, no Facebook da Merck Portugal e no site do PÚBLICO. Um encontro onde se irá fazer uma viagem pela realidade portuguesa na última década, em busca dos indicadores que permitam desenhar o cenário nacional ao nível da diversidade, equidade e inclusão e traçar o que pode vir a ser o futuro ou o que será necessário fazer para que o futuro seja uma realidade mais equitativa.

Depois da apresentação do relatório, terá lugar o debate “Diversidade, equidade e inclusão: uma década de evolução em Portugal”, com intervenções de Pedro Moura (Merck Portugal); Sandra Ribeiro (presidente da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género); Alexandra Reis (professora da AESE Business School); e Catarina Fernandes (SONAE MC); com moderação da jornalista Filipa Dias Mendes, da RTP.

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