FC Porto-Sporting: pela supremacia ou pela redenção

“Dragões” e “leões” enfrentam-se nesta quinta-feira na segunda mão das meias-finais da Taça de Portugal. Portistas estão em vantagem, depois do triunfo em Alvalade há quase dois meses.

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Inácio e Evanilson, um duelo que se vai repetir no Dragão LUSA/ANTONIO COTRIM

A matemática ainda não permite festejar nem desistir. O invencível FC Porto lidera o campeonato com nove pontos de vantagem sobre o Sporting, ainda mais atrasado depois da derrota no derby, e, da forma como as coisas estão, a festa portista será uma questão de semanas (pode já até ser na segunda-feira). Nada disto, no entanto, conta nos jogos a eliminar e, nesta quinta-feira, “dragões” e “leões” defrontam-se no Dragão (20h15, TVI) para decidir quem estará na final da Taça de Portugal (que regressa ao Jamor) a 5 de Junho próximo. A equipa de Sérgio Conceição está em vantagem na eliminatória depois de vencer em Alvalade (1-2), os de Rúben Amorim precisam de marcar, no mínimo, dois golos para evitar a eliminação.

São claros os objectivos de FC Porto e Sporting neste quarto “clássico” da temporada que acontece quase dois meses depois do jogo da primeira mão. A cumprir uma temporada histórica, a formação portista quer fazer do confronto da Taça uma afirmação de plena supremacia sobre o rival enquanto não garante mais um título de campeão. Os “leões”, enfraquecidos animicamente pela derrota caseira com o Benfica no último domingo, jogam no Dragão com um desejo de redenção por uma época em que, quase de certeza, não irão renovar o título, mesmo que já tenham na bagagem a conquista da Supertaça e da Taça da Liga.

Este será o 42.º jogo em que FC Porto e Sporting se defrontam para a Taça de Portugal e é a 10.ª vez que se cruzam nas meias-finais. Em termos de eliminatórias ganhas, a vantagem está do lado portista (cinco), mas a última vez que os dois se enfrentaram nesta fase da competição, passou o Sporting de Jorge Jesus, com Sérgio Conceição no banco portista. Depois de 1-0 no Dragão, com golo de Tiquinho Soares, Coates nivelou a eliminatória em Alvalade e os “leões” apuraram-se nos penáltis. Em termos de confrontos de Taça apenas no reduto portista, domina a equipa da casa (11 vitórias em 18 jogos), enquanto os triunfos “leoninos” são raros e espaçados – apenas cinco e nunca na mesma década.

Há quase dois meses…

Para quem já não se lembra do que aconteceu na primeira mão, no início de Março (é incompreensível as duas mãos serem tão distantes), o FC Porto ganhou com uma reviravolta em Alvalade, com golos de Taremi (59’) e Evanilson (64’), depois de Sarabia ter colocado os “leões” em vantagem, aos 49’. Uma vantagem mínima, mas importante para o confronto desta quinta-feira, até porque os golos marcados fora de casa continuam a ter o seu valor nas competições nacionais, o que obriga os “leões”, no mínimo, a marcarem dois. Pode até bastar um triunfo por um golo de diferença para o Sporting estar no Jamor, mas terá sempre de apontar mais golos no Dragão do que os que o FC Porto marcou em Alvalade.

E os “leões” até já conseguiram marcar dois golos esta época no estádio do rival, mas só seguraram essa vantagem por quatro minutos, no infame “clássico” da 22.ª jornada que acabou em empate (2-2) e em confrontos envolvendo as duas equipas e muita gente que não fazia parte do jogo. Muito se disse sobre esse encontro e as ondas de choque ainda se sentem agora, com a deliberação do Conselho de Disciplina (CD) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF) sobre os castigos de Pepe, Tabata e Matheus Reis, três dos envolvidos nos incidentes. Irá algum deles falhar o jogo por castigo? Logo saberemos quando os clubes divulgarem os “onzes”.

Os castigos que irão (ou não) ser cumpridos serão um detalhe neste quarto encontro da época entre Sérgio Conceição e Rúben Amorim, treinadores das duas equipas que têm estado no topo nas duas últimas épocas. Conceição quer manter a dinâmica de invencibilidade raramente quebrada nesta temporada. “Estamos num bom momento e queremos prolongá-lo”, assinalou o técnico portista, referindo-se à eventual ausência de Pepe como “revoltante” e acrescentando que “não vale tudo para se ganhar”. Mas garante um FC Porto igual a si próprio no “clássico”: “Temos uma equipa intensa, que quer muito ganhar os duelos e que encara cada lance como se fosse o último, e não vai fugir à regra.”

Do lado sportinguista, Rúben Amorim assumiu alguma frustração por ser quase impossível renovar o título – “não ganhando o campeonato e se não conseguirmos conquistar a Taça, sinto que fica a faltar qualquer coisa” –, mas garante que a equipa está recuperada da derrota no derby e preparada para um adversário que só tem uma forma de jogar: “Equipas grandes como o FC Porto, também pelo momento que está a viver, não jogam para o empate. O que temos de fazer é ter muita convicção na forma como jogamos, criar oportunidades, marcar golos e não sofrer.”

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