Homem mais rico da Ucrânia promete ajudar a reconstruir Mariupol

Rinat Akhmetov, dono de duas grandes metalúrgicas em Mariupol, compromete-se a ajudar a reconstruir a cidade. Segundo o empresário, é necessário um novo Plano Marshall para reerguer a Ucrânia.

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A fábrica de Illich Iron and Steel Works, em Mariupol Reuters/ALEXANDER ERMOCHENKO

O homem mais rico da Ucrânia promete ajudar a reconstruir Mariupol, a cidade onde estão instaladas duas das suas grandes metalúrgicas.

Rinat Akhmetov tem visto o seu império empresarial ameaçado e destruído pelos combates dos últimos anos no leste da Ucrânia e pela invasão russa, desde Fevereiro. No entanto, continua desafiador, confiando que as tropas ucranianas — “os nossos corajosos soldados”, nas suas palavras —, defenderão a cidade situada à beira do Mar de Azov, agora reduzida a escombros em resultado de sete semanas de bombardeamentos.

A sua empresa Metinvest, o maior fabricante de aço da Ucrânia, anunciou que por agora não consegue cumprir as entregas contratadas, e embora o seu grupo financeiro e industrial SCM Group esteja a cumprir as suas obrigações de dívida, o grupo produtor de energia DTEK já teve de optimizar “o pagamento das suas dívidas” num acordo com os credores.​

Mariupol é uma tragédia global e um exemplo global de heroísmo. Para mim, Mariupol tem sido e será sempre uma cidade ucraniana”, disse Akhmetov numa resposta por escrito a questões enviadas pela Reuters.

“Acredito que os nossos corajosos soldados defenderão a cidade, embora compreenda como é difícil e duro para eles”, disse, acrescentando que tem contactado diariamente com os gestores da Metinvest, que dirigem as fábricas de Azovstal e de Illich Iron and Steel Works, em Mariupol.

A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS
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A cidade portuária de Mariupol, no sudeste da Ucrânia, está devastada após mais de 45 dias de cerco Alexander Ermochenko/REUTERS

Na sexta-feira, a Metinvest disse que estava fora de questão continuar a operar sob ocupação russa, e revelou que o cerco de Mariupol já tinha desactivado mais de um terço da capacidade da produção metalúrgica da Ucrânia.

Akhmetov elogiou também a “paixão e profissionalismo” que o Presidente Volodimir Zelensky tem demonstrado durante a guerra — declarações que suavizam as relações com o líder ucraniano, que no ano passado incluiu o empresário numa lista de conspiradores que ambicionavam derrubar o seu Governo. Akhmetov negou esta alegação na altura, dizendo ser “uma absoluta mentira”.

“E a guerra não é certamente a altura certa para se estar em desacordo. Iremos reconstruir a Ucrânia toda”, disse, sublinhando que regressou ao país no dia 23 de Fevereiro e que não voltou a sair.

"Um Plano Marshall para a Ucrânia”.

Rinat Akhmetov não precisou onde tem estado nas últimas semanas, desde a invasão russa, mas disse ter estado em Mariupol no dia 16 de Fevereiro, onde falou “com pessoas nas ruas” e se encontrou com “trabalhadores”. Alguns serviços secretos ocidentais apontaram, na altura, que a invasão poderia começar nesta data.

“A minha ambição é regressar a uma Mariupol ucraniana e implementar os nossos planos (de nova produção) para que o aço produzido em Mariupol possa competir nos mercados globais como antes”, declarou.

A Rússia invadiu a Ucrânia a 24 de Fevereiro, após o Presidente Vladimir Putin ter anunciado a que iria avançar com uma “operação especial” para desmilitarizar e “desnazificar” o país. Kiev e os seus aliados ocidentais rejeitam tal afirmação como um falso pretexto para um ataque que não foi de todo provocado.

Akhmetov, o homem mais rico da Ucrânia, tem visto o seu império empresarial a encolher desde que a Rússia anexou a Crimeia, em 2014, e duas regiões ucranianas — Donetsk e Lugansk — proclamaram a independência de Kiev.

Segundo a revista Forbes, o património líquido de Akhmetov atingiu 15,4 mil milhões de dólares em 2013. Actualmente, ascende a 3,9 mil milhões de dólares.

“Para nós, a guerra começou em 2014. Perdemos todos os nossos bens tanto na Crimeia como no território temporariamente ocupado do Donbass. Perdemos os nossos negócios, mas tornou-nos mais duros e mais fortes”, disse.

“Estou confiante de que a SCM, enquanto a maior empresa privada do país, desempenhará um papel fundamental na reconstrução da Ucrânia após a guerra”, continua. Os danos da guerra já terão atingido 1 bilião de dólares, apontou ainda, citando as autoridades ucranianas.

“Vamos definitivamente precisar de um programa internacional de reconstrução sem precedentes, um Plano Marshall para a Ucrânia”, afirmou, referindo-se ao projecto lançado pelos EUA que ajudou a reconstruir a Europa Ocidental após a Segunda Guerra Mundial.

“Confio que todos reconstruiremos uma Ucrânia livre, europeia, democrática, e bem-sucedida, depois de ganharmos esta guerra”, concluiu.

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