A frase

A União Europeia financia em muito mais o esforço de guerra do país invasor do que apoia financeiramente o país invadido.

Rui Tavares, deputado do Livre

O contexto

O deputado único do Livre entregou um projecto de resolução do Parlamento intitulado: “Nem mais um euro da União Europeia (UE) para a guerra de Putin.” Nesse documento, é recomendado ao Governo que defenda no Conselho Europeu a adopção de um “mecanismo de retenção dos pagamentos por combustíveis fósseis à Federação Russa” e a constituição de um “fundo de reconstrução da Ucrânia a título de reparações de guerra”. Na sua argumentação, Rui Tavares diz que “a UE financia em muito mais o esforço de guerra do país invasor do que apoia financeiramente o país invadido”. E explica: “Tal ocorre, como é sabido, através dos pagamentos pelo fornecimento de gás natural e petróleo russos, combustíveis fósseis pelos quais os estados-membros da UE pagam agregadamente cerca de 650 milhões de euros diários (dependendo, claro, da cotação do gás e petróleo a cada dia). Para comparação, o total dos apoios prometidos pela UE à Ucrânia desde o início da guerra está em cerca de 500 milhões.”

Os factos

Desde a invasão da Ucrânia, a 24 de Fevereiro, vários países da UE continuaram a comprar energia à Rússia, num negócio que envolve milhares de milhões de euros. Paralelamente, houve a promessa europeia de financiar a defesa ucraniana e foram adoptados vários pacotes de sanções a aplicar aos russos. O balanço destes dois “financiamentos” foi feito esta semana por Josep Borrell, líder da diplomacia da UE, num debate em que se discutia a adopção de mais sanções. Ao pedir à Europa que envie mais armas para a Ucrânia para ajudar a acabar com a guerra, Borrell disse: “A UE prometeu mil milhões de euros em ajuda militar para a Ucrânia. Pode parecer muito, mas isso é praticamente o que pagamos a Putin todos os dias pela energia que ele nos fornece. Desde o início da guerra, já lhe demos 35 mil milhões de euros. Comparem isso os mil milhões que demos à Ucrânia em armas.”

Em resumo

Os dados citados por Josep Borrell são os números oficiais mais recentes sobre os gastos da União Europeia, como um todo, em energia russa. E confirmam a frase de Rui Tavares no projecto de resolução. De facto, as economias da UE pagam mais à Rússia do que o apoio que dão à Ucrânia. A diferença está que Tavares faz referência a 500 milhões de euros prometidos à Ucrânia, esquecendo que a UE entretanto duplicou a verba inicialmente prevista.