Moreira da Silva demite-se da OCDE e confirma que é candidato à liderança do PSD

O socia-democrata candidata-se “por sentido de responsabilidade” e propõe-se “renovar o PSD”.

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Jorge Moreira da Silva foi ministro do Ambiente no Governo liderado por Passos Coelho Nuno Ferreira Santos

O antigo dirigente do PSD Jorge Moreira da Silva confirmou esta quinta-feira que será candidato à liderança social-democrata pelo momento difícil que o partido e o país atravessam e por entender ter um “projecto capaz de renovar” o PSD.

Em comunicado, Jorge Moreira da Silva começa por anunciar a sua demissão das funções de Director da Cooperação para o Desenvolvimento, na OCDE, cargo que ocupava desde 2016, em Paris, e cujo exercício seria incompatível com a sua candidatura.

“Candidato-me à liderança do PSD por sentido de responsabilidade - atendendo às circunstâncias difíceis que tanto Portugal como o PSD enfrentam - e animado pela firme convicção de que sou portador de um projecto capaz de renovar o PSD, libertar o potencial de Crescimento Sustentável em Portugal e assegurar que os portugueses reconquistam o seu pleno Direito ao Futuro”, refere.

O antigo primeiro vice-presidente do PSD anuncia ainda que a apresentação pública da candidatura será feita na próxima segunda-feira, às 17h, no Clube Monsanto, em Lisboa.

No comunicado, Moreira da Silva revela que acaba de comunicar ao secretário-geral da OCDE a sua demissão “com efeitos imediatos” do cargo que ocupava há quase seis anos, dois dias depois de ter apresentado publicamente os resultados anuais da ajuda pública ao desenvolvimento, “que atingiram o máximo histórico”.

“Atendendo aos estatutos da OCDE e ao seu código de conduta, uma candidatura à liderança do PSD exigiria uma demissão prévia das minhas funções na OCDE, de forma a salvaguardar a independência desta organização internacional”, justifica.

Moreira da Silva acrescenta que a “difícil decisão” que tomou, realçando que “está em causa a cessação de funções de relevante interesse público internacional”, resultou de “uma profunda reflexão sobre o propósito, sobre o contexto e sobre a motivação de uma candidatura à liderança do PSD”.

O antigo ministro de Passos Coelho faz ainda um balanço das funções que desempenhou na OCDE, que diz deixar com “sentimento de dever cumprido”.

“Liderei, nos últimos seis anos, o desenho e a negociação de um conjunto alargado de reformas na arquitectura da cooperação internacional e investi todo o meu capital político num reforço, sem precedentes, da solidariedade internacional”, refere, destacando que o fez “num período marcado por sucessivas crises globais”.

Moreira da Silva salienta que, quando iniciou funções em 2016, o volume anual de ajuda pública ao desenvolvimento, concedido pelos 30 principais doadores internacionais aos países mais pobres, situava-se em 145 mil milhões de dólares.

“Saio da OCDE com o valor mais alto de sempre (desde o início da monitorização em 1960), superando 179 mil milhões de dólares”, refere.

Moreira da Silva será o segundo candidato anunciado à sucessão de Rui Rio nas eleições directas do PSD marcadas para 28 de Maio, depois de Luís Montenegro já se ter apresentado publicamente. Esta será a primeira candidatura de Jorge Moreira da Silva à presidência do PSD.

Além do cargo na OCDE de que se demitiu esta quinta-feira, Jorge Moreira da Silva preside ao “think-tank” Plataforma para o Crescimento Sustentável, que fundou há 10 anos e que reúne cerca de 500 pessoas de diversos quadrantes.

Em Setembro do ano passado, apresentou um livro intitulado “Direito ao Futuro” no qual defendeu que se deve discutir “menos partidarite e mais políticas públicas”, e que “um líder tem de ser um líder servidor”.

Moreira da Silva tem 50 anos, foi líder da Juventude Social-Democrata (entre 1995 e 1998), deputado, eurodeputado, e primeiro vice-presidente do PSD, durante a liderança de Pedro Passos Coelho, tendo sido no seu Governo ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia.

Em Novembro de 2020, defendeu a realização de um congresso extraordinário do PSD para clarificar a estratégia de “coligações e entendimentos” da direcção de Rui Rio e atacou a “traição” aos valores do partido pela solução governativa nos Açores, com o Chega.

Foi director da área de Economia da Energia e das Alterações Climáticas do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), secretário de Estado Adjunto do ministro do Ambiente e do Ordenamento do Território, secretário de Estado Adjunto da Ministra da Ciência e do Ensino Superior e consultor do Presidente da República Cavaco Silva nas áreas da Ciência, Ambiente e Energia, entre 2006 e 2009.

Recebeu a insígnia Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique, atribuída por este chefe de Estado, e a Comenda de Mérito Civil, atribuída pelo rei de Espanha.

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