A morte nunca existiu, de A (Adriano) a Z (Zé Mário)

Adriano Correia de Oliveira e José Mário Branco estão a ser lembrados em Abril, celebrando-se no todo ou em parte as respectivas obras.

Por artes do destino, coincidiram nesta semana duas celebrações no seu início: a dos 80 anos do nascimento de Adriano Correia de Oliveira, com concertos no Porto, na Casa da Música, no domingo (e também em Lisboa, na véspera, na Academia de Santo Amaro); e a ligação de José Mário Branco ao cinema, inaugurando-se um ciclo na Cinemateca, na terça-feira, com o documentário Mudar de Vida, de Pedro Fidalgo e Nelson Guerreiro. E se as comemorações de Adriano durarão um ano, até Abril de 2023 (incluindo mais concertos, uma exposição itinerante, e as edições de um álbum de BD, O Perigoso Pacifista - Episódios da vida de Adriano Correia de Oliveira, e de um livro, Adriano, um canto em forma de Abril - 80 anos), a de José Mário Branco terá presença até finais de Abril, com uma sessão diária (por vezes duas) na Cinemateca Portuguesa, que escolheu para título do ciclo A morte nunca existiu. O título é de uma canção por ele gravada em 1972, composta a partir de um poema do poeta popular António Joaquim Lança, de Peroguarda, que o cantor viria a recordar mais tarde como “a primeira e mais importante lição de filosofia” da sua vida: “Tudo o que for vivente tem/ uma queixa que o percorre/ e quando um dia a vida morre/ a morte morre também.” Ora ACO e JMB, acrónimos que designaram Adriano e Zé Mário em vários escritos, tendo ambos queixas a percorrê-los a par de uma enorme força de vida (que no primeiro caso se esgotou precocemente, aos 40 anos, por desgostos que o dilaceraram), também viriam a ter na morte da vida a morte da própria morte. Porque a lembrança das suas obras nos devolve a sua presença.

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