Vítimas “indignas” na Ucrânia?

Neste momento, enquanto estão a ser cometidos crimes de guerra na Ucrânia, eu não posso aceitar que os ucranianos sejam “vítimas indignas” ou que estavam “a pedir isso”.

Apesar de ter vivido em Portugal nos últimos 32 anos, nasci e cresci em Nova Iorque, por isso, nos dias que se seguiram aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, recebi cerca de cinquenta e-mails de amigos e conhecidos de todo o mundo a perguntar se os meus amigos de infância e familiares estavam bem e em segurança. Nas mensagens, a grande maioria deles expressou a sua solidariedade comigo e com outros nova-iorquinos. No entanto, alguns escreveram que, embora não fossem a favor do terrorismo, podiam facilmente compreender que os muçulmanos se opusessem violentamente às recentes guerras travadas pelos Estados Unidos no Iraque – bem como ao apoio dos Estados Unidos a Israel – e estivessem ansiosos por se vingar dos americanos. Dois destes meus amigos não exprimiram qualquer empatia pelas vítimas do ataque e explicaram que os Estados Unidos “estavam a pedir isso” – sendo “isso” um ataque em solo americano.

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