FBI desmantelou rede de botnets russa para prevenir ciberataques

A operação visa impedir os hackers russos de utilizarem os dispositivos como uma botnet — uma rede de computadores infectados que são controlados por um atacante.

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O comunicado do FBI surge no meio da apresentação de novas sanções contra bancos e elites russos Kacper Pempel

A polícia federal norte-americana (FBI) informou na quarta-feira que retirou milhares de routers e aparelhos de firewall do controlo de hackers russos ao obter acesso às infra-estruturas que os espiões de Moscovo utilizavam para comunicar com os dispositivos.

A operação, que decorreu durante o mês de Março, tratou-se de uma medida preventiva para impedir os hackers russos de utilizarem os dispositivos como uma botnet (rede de aparelhos infectados que são controlados por um único atacante).

"Removemos malware de dispositivos utilizados por milhares de empresas, na sua maioria pequenas, para segurança de redes em todo o mundo”, explicou o director do FBI, Chris Wray, que diz que a operação foi autorizada pelo tribunal. “Fechámos a porta que os russos tinham usado para entrar neles”.

"Felizmente, fomos capazes de perturbar esta botnet antes de poder ser utilizada”, acrescentou em comunicado, o Procurador-Geral dos EUA Merrick Garland.

A embaixada russa, em Washington, não respondeu a perguntas da Reuters sobre o comunicado do FBI.

A botnet russa foi encontrada devido ao Cyclops Blink, um vírus informático que as agências de cibersegurança dos EUA e do Reino Unido associaram à Sandworm em Fevereiro. Esta é uma das equipas de hacking dos serviços secretos militares russos que tem sido repetidamente acusada de realizar ciberataques. O seu modus operandi baseia-se no envio de emails com documentos infectados em anexo.

O Cyclops Blink foi concebido para sequestrar dispositivos da tecnológica Watchguard e Asus. O vírus permite que os serviços russos acedam aos sistemas comprometidos, retirem ou eliminem dados remotamente. Também é possível usar os dispositivos comprometidos para infectar outros aparelhos.

A Watchguard emitiu uma declaração confirmando que trabalhou com o Departamento de Justiça dos EUA para perturbar a botnet, mas não revelou o número de dispositivos infectados. A empresa, que desenvolve serviços de segurança, disse apenas que representavam menos de um por cento dos aparelhos. A Asus não respondeu ao pedido de comentário da Reuters.

O FBI lançou uma campanha de sensibilização “para informar os proprietários dos dispositivos Watchguard das medidas que deveriam tomar para remediar infecções ou vulnerabilidades”.

O comunicado do FBI surge no meio da apresentação de novas sanções contra bancos e elites russos, dias depois de terem surgido imagens de corpos de civis abatidos na cidade de Bucha.

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