Chega-Açores diz que apoio ao Governo Regional “acabou” e promete chumbar próximo orçamento

O deputado do Chega-Açores, José Pacheco, garante que votará contra o orçamento regional para 2023 que será discutido mais para o final deste ano.

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José Pacheco é deputado do Chega no parlamento açoriano LUSA/EDUARDO COSTA

O deputado do Chega-Açores, José Pacheco, revelou esta quarta-feira que “acabou” o apoio do partido ao Governo Regional, de coligação PSD/CDS-PP/PPM e avançou que pretende reprovar o próximo orçamento da região, que vai ser discutido no final do ano.

Em declarações à agência Lusa, o deputado que tem com o governo um acordo de incidência parlamentar, reforçou que “continua sem ter eco das propostas” apresentadas para viabilizar o Orçamento Regional de 2022, como as viaturas para a corporação de bombeiros e os incentivos à natalidade, notando estar por fazer a remodelação no executivo liderado por José Manuel Bolieiro, como o Chega tinha exigido.

“Não tenho problema nenhum, enquanto representante do Chega nos Açores, de assumir essa despesa e esse risco, mas fica o Governo Regional a saber que, com o Chega, acabou”, afirmou José Pacheco.

O deputado sustentou que não pode “confiar em pessoas que mentem todos os dias”, acusando o executivo regional de “empurrar com a barriga os problemas da região” e de estar envolvido em “trapalhadas” no processo das Agendas Mobilizadoras do Plano de Recuperação e Resiliência.

“Quando nos sentimos enganados, temos de dizer ao nosso parceiro que fomos enganados e que não podemos confiar neles. Obviamente que, em Novembro, temos um orçamento e está aqui a garantia do deputado do Chega José Pacheco: o orçamento está chumbado”, avançou.

Sem o apoio do Chega, o Governo Regional dos Açores, que também depende do apoio da IL e do deputado independente Carlos Furtado (ex-Chega), não tem a maioria no parlamento açoriano. Pacheco destacou que o Governo Regional teve “vários meses para mudar de rumo” e que persistiu em “enganar o povo açoriano”.

Questionado sobre o que significa, neste momento, o fim do apoio do Chega ao Governo Regional dos Açores, o deputado observou que o partido “não tem ferramentas, institucionais ou parlamentares para fazer coisíssima nenhuma”. “Mas, obviamente, vai continuar a questionar o governo até obter as respostas”, frisou.

O deputado diz não poder confiar em pessoas que “todos os dias” lhe mentem, porque “as pessoas elegeram um deputado do Chega para ser o garante da verdade, o garante da seriedade”.

“Quando o meu bom povo é enganado, estou aqui também para ir para uma briga, seja ela qual for. Haja eleições quando quiserem. Nós estamos aqui para ir a guerra”, disse.

Num comunicado enviado à agência Lusa, o Chega-Açores refere que “os compromissos assumidos por este governo de coligação com o Chega não estão a ser cumpridos” e criticou o processo das Agendas Mobilizadoras do PRR. “O desempenho do secretário das Finanças, Bastos e Silva, tem-se mostrado prejudicial para os açorianos e até para o próprio governo, deixando um rasto de ineficácia, opacidade e, até mesmo, de falta de competência”, acrescenta a nota de imprensa.

O partido diz que não pode continuar a “assistir impavidamente”, uma vez que o “dinheiro de todos dos açorianos” continua a ir para os “bolsos dos mesmos”. “Este Governo Regional não tem demonstrado capacidade para gerir esta região de forma eficiente e em benefício dos açorianos. Prova disso é o grande lodo em que se transformou o processo das Agendas Mobilizadoras”, lê-se ainda no comunicado.

A Assembleia Legislativa dos Açores é composta por 57 deputados, sendo que, na actual legislatura, 25 são do PS, 21 do PSD, três do CDS-PP, dois do PPM, dois do BE, um da Iniciativa Liberal (IL), um do PAN, um do Chega e um deputado independente (eleito pelo Chega). A coligação pós-eleitoral (PSD/CDS-PP/PPM) que formou governo dos Açores fez acordos de incidência parlamentar com o Chega e o deputado independente, ao passo que o PSD o fez com o deputado único da IL.

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