Não em meu nome

Não sei o que vai na cabeça dos demais portugueses, mas com este não contem para a festa. Nem à distância acompanharei a seleção em estádios que foram erguidos na base da semiescravatura e da indiferença humana.

A apoteose de Portugal como comunidade moral marcou o rescaldo do jogo em que a seleção de futebol masculino carimbou o apuramento para o Mundial do Catar. O Presidente da República apoderou-se da “entrevista relâmpago” do final do jogo valendo-se da pessoa gramatical que, no plano discursivo, instaura magicamente a nação, uma nação ufana: “Estamos no Catar, vamos ao Catar!” O selecionador, esse, não se esqueceu, na hora da glória, de “todos nós”, partilhando o mérito da vitória e a alegria com os 11 milhões de portugueses que, como ele, sonham com mais um grande título internacional. Já a Sport TV ilustrou a façanha numa caravela “das descobertas” em cuja popa seguem os “heróis nacionais,” com o capitão CR7 a fazer as vezes do Infante D. Henrique.

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