Braga tem menos de nove quilómetros de ciclovias mas quer chegar aos 80 até 2025

Presidente da Câmara de Braga apresentou iniciativa que vai recompensar os utilizadores de bicicleta da cidade com vouchers, para usar no comércio local.

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Em oito anos, a infra-estrutura urbana para bicicletas pouco mudou,em Braga Rui Gaudencio

A actual rede ciclável do concelho de Braga é de 8,6 quilómetros mas a Câmara de Braga acredita que será possível alargá-la “até quase 80 quilómetros até 2025”, anunciou esta quarta-feira o presidente da autarquia, Ricardo Rio, durante o anúncio de uma iniciativa europeia que vai recompensar os utilizadores de bicicleta da cidade com vouchers a descontar no comércio local.

A rede ciclável bracarense divide-se pelas ciclovias segregadas do Este (quatro quilómetros), da Variante da Encosta de Lamaçães (três quilómetros), da Rua Nova de Santa Cruz (650 metros), e da Variante do Fojo (950 metros) – cuja primeira fase ainda está em execução. Nos próximos dois anos, a vontade é estendê-la até aos 22 quilómetros, através do prolongamento da Variante do Fojo e da execução das ciclovias nas avenidas da Liberdade e da Dr. António Palha. Para atingir os quase 80 quilómetros, o autarca junta à lista uma via de perfil turístico, o projecto da ecovia do Cávado, a qual “vai seguramente estender a rede em largas dezenas de quilómetros” até ao ano de 2025.

Já depois de a vereadora com o pelouro da mobilidade, Olga Pereira, ter informado, recorrendo a estudos conhecidos “com amostras muito pequenas”, que a percentagem de utilizadores de bicicleta em Braga “é inferior a 3%”, Ricardo Rio reconheceu que “ainda existe um privilégio enorme da utilização da viatura individual face a todas as outras alternativas de transporte – seja o uso de bicicletas, de transportes públicos ou andar a pé” e que “a mobilidade tem de deixar de ser um problema e passar a ser uma oportunidade”. Negou-se, no entanto, à “adopção de uma visão dogmática que imponha a bicicleta aos cidadãos”, sublinhando que é “necessária uma coexistência de todos os meios de transporte para diferentes perfis de público”. Para os próximos anos, na área da mobilidade, o município tem prevista a requalificação viária do Nó de Infias e a implementação do Bus Rapid Transit (BRT).

Outros estímulos para pedalar

Desde 2014, altura em que havia 7,9 quilómetro de vias dedicadas, que o município de Braga anuncia a expansão da sua rede ciclável, sem grande expressão prática. Mas a falta de uma rede segura não impediu o executivo liderado por Ricardo Rio de avançar para outra forma de incentivar o uso da bicicleta no concelho, com recurso a “projectos pedagógicos e lúdicos”. É o caso do projecto europeu BICIFICATION, anunciado esta quarta-feira, financiado pelo Instituto Europeu de Inovação e Tecnologia, através do qual 500 utilizadores de bicicleta – residentes ou trabalhadores - de Braga poderão trocar, entre 1 de Julho e 30 de Setembro, os quilómetros percorridos por vouchers a descontar no comércio local.

A iniciativa, à qual estão ainda associadas as cidades de Istambul (Turquia) e Tallin (Estónia) -, prevê que, por cada quilómetro feito em bicicleta, o utilizador receba 25 cêntimos em caso de uma viagem para o trabalho ou para a escola, e sete cêntimos em viagens de outro contexto. No total, os participantes podem acumular um euro por dia e 28 euros por mês, montante que poderá depois ser descontado em eventos culturais, supermercados, restaurantes e cafés, e lojas de artigos desportivos.

Há muito que as associações do sector da mobilidade activa defendem que Portugal deveria seguir o exemplo de cidades e países que incentivam fiscalmente os respectivos cidadãos a deixar o carro em casa. Na Bélgica, um cidadão que faça dez quilómetros por dia consegue recuperar, em benefícios fiscais, num ano, o preço de uma bicicleta de gama média.

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