O Parque da Bela Vista, em Marvila, foi tema da semana para a câmara de Lisboa.​ Para fazer frente à seca e à escassez de água, arrancou esta semana a reabilitação da bacia de retenção de águas pluviais da zona Sul do parque, aí instalada há 16 anos. Na reunião de câmara desta quarta-feira, foi apresentada uma proposta do Partido Comunista Português (PCP), que ainda espera agendamento, para a reintegração dos terrenos do Campo de Golfe da Bela Vista no parque urbano.

“A actual bacia passará a comportar-se como um charco temporário, que irá naturalmente secar no Verão, após a evaporação da água e o seu consumo pelas plantas”, informou a câmara num comunicado divulgado esta segunda-feira, em que garante que a intervenção na bacia visa uma “gestão sustentável”, que passa por utilizar menos água potável para manter este lago durante os meses quentes do ano.

Segundo a CML, a criação da bacia permitiu “a instalação e o abrigo de diferentes espécies de plantas e anfíbios”, numa altura em que o parque ainda se encontrava sem vegetação, já que até à reabertura funcionava como local de aterros de terras e entulhos.

Nos últimos anos, a bacia tem servido a sua função central — a retenção das águas pluviais —, que são depois libertadas no parque, mas a câmara admite que “a água recebida durante a época das chuvas” não chega para manter o charco de forma permanente ao longo do ano, o que “obriga a uma reposição com água potável nos períodos quentes”.

Visto que se tornou “pouco sustentável”, a bacia de retenção vai agora secar durante o Verão, em vez de se utilizar água própria para consumo para manter o lago em funcionamento todo o ano.

Para tal, a reabilitação vai passar por quatro intervenções: a limpeza da área, a remoção de lixo, a eliminação parcial da tela da bacia (instalada para se criar o lago naquela zona do parque) e a manutenção de uma área impermeabilizada.

No caso da limpeza, a câmara prevê remover “infestantes e parte da vegetação existente”, a fim de introduzir mais espécies na área Sul do parque. O mesmo objectivo tem a remoção de uma parte da tela de impermeabilização da bacia.

Complementarmente, o município vai remover os “lixos e parte dos sedimentos acumulados no fundo” da bacia, bem como “manter uma pequena área impermeabilizada”, o que irá permitir manter o solo “necessário ao desenvolvimento da vegetação” e concentrar mais água “nos períodos de transição para a época quente”.

Por ser inédita, os resultados desta intervenção “serão monitorizados durante um ano”, para avaliar o sucesso desta nova forma de gerir os recursos hídricos do Parque da Bela Vista, onde se realiza o Festival Rock in Rio.

Campo de Golfe ao abandono pode ser reconvertido e reintegrado no parque

Entretanto, na reunião de câmara desta quarta-feira, o vereador João Ferreira (PCP) apelou a que a CML resolva o “litígio” com a entidade a quem foram concessionados pela câmara, há mais de 20 anos, os terrenos junto ao parque da Bela Vista, que hoje servem um campo de golfe abandonado, já que “nunca se chegou a fazer a escritura do espaço”.

Por forma a dar utilização aos cerca de 2 mil metros de área verde daquele complexo municipal da Bela Vista, o PCP propõe que se inquira a ABGolfe “relativamente à possibilidade de um acordo”, para aí se realizarem “obras de conservação e manutenção”, que permitam repor “condições de salubridade e segurança”. Para além disso, a vereação comunista pretende ainda que a Direcção do Ambiente, Estrutura Verde, Clima e Energia faça um estudo sobre a integração do campo de golfe no parque.

"Isto era uma oportunidade para, com uma ligação à Avenida Gago Coutinho, termos toda uma área verde associada ao parque da Bela Vista”, defendeu o vereador. “Nunca fez, e muito menos sentido faz hoje, ter um campo de golfe com tudo o que implica com dispêndio de água e rega intensiva”, acrescentou João Ferreira, que espera que esta proposta seja “um contributo” para a câmara cumprir os compromissos que assumiu “de mitigação das alterações climáticas”.

A proposta deu entrada a 16 de Março e foi apresentada esta tarde, mas só deve ser agendada e votada numa reunião de câmara futura.