Corrida às armas - caminho do Inferno

É nesta hora que as vozes das mulheres e dos homens justos e amantes da paz se têm de fazer ouvir para exigir o fim da guerra, obrigar a máquina de guerra de Putin a parar e a retirar-se e que se criem condições de segurança para todos os envolvidos.


É em tempo de guerra que se deve falar da paz pela simples razão de que é nesta ocasião que ela mais falta faz. A paz é o supremo bem da Humanidade. Só em paz podemos ser o que somos.

A Rússia iniciou a invasão da Ucrânia e é a responsável pela grave situação que vivemos. Nada justificava a invasão, independentemente do projeto de cerco à Rússia por parte dos EUA e da NATO.

A guerra está a servir de pretexto para desencadear uma corrida às armas; ouve-se o rufar dos tambores da guerra. O que a economia não aguentava, como por exemplo pequenos aumentos de salários, acomoda agora 2% do PIB. Até a poderosa Alemanha se virou para a corrida às armas, coisa nunca vista desde o fim da II Guerra Mundial. A procissão vai no adro, mas quer na Rússia, quer nos EUA, quer na Europa as trombetas da corrida às armas soam por todo o lado.

Se os tempos da crise financeira seguida da pandemia eram difíceis, os de agora são de pavor e choque como no Iraque e agora na Ucrânia. Putin, talvez devido ao seu passado, designou a guerra como “operação militar especial”, um eufemismo brutal. De facto, então no céu iraquiano como hoje no céu ucraniano chove a morte e a destruição.

A pergunta é simples: devemos correr às armas para nos defendermos ou o caminho deve ser outro, como assinalado, por exemplo, pelo Papa Francisco?

O Planeta e a Humanidade estão à beira do precipício. Na nossa Terra há armas para fazer sobreviver apenas alguns insetos no caso de conflito nuclear; a Humanidade desapareceria, a espécie criadora de deuses e de outras tantas maravilhas e que forjou a civilização de que desfrutamos.

No mar navegam submarinos carregados de armas nucleares apontadas aos homens e mulheres das cidades do mundo; nos céus azuis aviões, furtivos ou não, voam prenhes de armas nucleares; no solo milhares de rampas de lançamento estão prontas a enviar a morte a milhares de graus centígrados. Então precisamos de juntar mais armas a esta quantidade monumental bastante para nos reduzir a zero?

O mundo, mais do que nunca, precisa que a paz se imponha e se pare o horror na Ucrânia e se caminhe no sentido do desarmamento.

É nesta hora que as vozes das mulheres e dos homens justos e amantes da paz se têm de fazer ouvir para exigir o fim da guerra, obrigar a máquina de guerra de Putin a parar e a retirar-se para a Rússia e a criar condições de segurança para todos os envolvidos, a obrigar os países da NATO a parar de se rearmar e encetar negociações pela paz. Cada arma nuclear custa mais que um hospital. Mais que uma universidade. Que se pare com a loucura da corrida às armas a Norte, Sul, Ocidente e Oriente. O Planeta está intoxicado e a Humanidade ao rés do abismo. Pensemos. Não deixemos que seja este o rumo. É possível outro. Qual pesará mais no futuro - o complexo militar industrial ou a força da paz?

No continente europeu é possível e é altamente aconselhável que a corrida às armas seja substituída pelo desarmamento. É preciso definir essas condições e garantir a todos, desde os escandinavos aos eslavos, aos meridionais, aos ibéricos, aos habitantes dos países balcânicos, aos teutónicos, aos anglo-saxões, aos magiares, a todos sem nenhuma exceção a segurança. Uma paz que assente em cima de armas nucleares é sempre frágil. Não se encontra uma paz melhor do que a que repouse sobre o mínimo armamento possível.

Para tanto torna-se absolutamente vital o empenho dos mais interessados neste rumo - os povos; sem eles é impossível.

Todos os caminhos, desde o Vaticano até aos gabinetes ministeriais, passando pelas avenidas cheias de gente, são válidos. A paz merece o esforço. Com a mobilização popular de toda a gente de bem que não quer assistir à destruição em horas de tudo quanto a Humanidade construiu desde há milénios. A corrida às armas é o caminho do Inferno. Vale a pena o difícil caminho da paz.

O autor escreve segundo o novo acordo ortográfico

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