O tempo não passa sempre da mesma maneira

Olhando para os 48 anos de ditadura, o tempo parece-me muito longo; os 48 anos de democracia parecem-me um instante incomparável com o anterior.

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"A Persistência da Memória", de Salvador Dali, óleo de 1931

Nestes dias comemora-se a ultrapassagem do tempo da ditadura pelo tempo da democracia. Não sei se sou só eu que se estranha com esta situação: olhando a partir do meu tempo “vivido”, a ditadura demorou muito mais tempo do que a democracia. Muito mais tempo, a “longa noite”. E no entanto, eu vivi mais tempo em democracia do que em ditadura e muito mais ainda se deixar de contar a infância. É “parece-me” com todas as limitações dessa subjectividade. E, no entanto, a aceleração da história ou a sua estagnação existem para além do “parece-me”, sendo que o tempo do capitalismo industrial, da sociedade de consumo, dos totalitarismos do século XX, das democracias é sabido que é tido como sendo acelerado, por exemplo comparado com a “lentidão” do tempo medieval. É um terreno historicamente complicado, propício à asneira, mas, na verdade, “parece-me”… Não é ciência, é percepção.

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