Arquitectura

“Uma casa simples e honesta” que não diz “tudo o que é”, nos Brejos da Carregueira

“As pessoas têm de sentir as casas com algo que as conquiste.” Foi com este pensamento que o estúdio AMATAM criou a Casa Dos Brejos, na Comporta, uma moradia de férias inspirada na arquitectura tradicional que não esquece o espírito da modernidade.

Garcês
Fotogaleria
Garcês

Nos Brejos da Carregueira, na Comporta, nasceu uma casa de férias que segue o espírito da arquitectura tradicional portuguesa. Inspirado no interior rural alentejano, o estúdio AMATAM encarregou-se de edificar um local que traduzisse a ideia de relaxamento e descanso.

Ao P3, João Amaral, arquitecto que liderou o projecto em conjunto com Manuela Tamborino, explica que a moradia surgiu a pedido de duas famílias francesas luso-descendentes. Uma vez que os clientes tinham uma “relação umbilical”​ com o país, quiseram criar “um sentimento de raízes” que resultou numa "casa simples e honesta” que apela à contemporaneidade.

A forma do edifício parte de um “diálogo” entre o moderno e o tradicional. Nesse sentido, João Amaral adianta que o ponto de partida foi uma “leitura contemporânea dos volumes”. Mas apesar do exterior apresentar formas “puristas” (paralelepípedos), a morfologia interior apela à ideia de conforto.

A habitação está dividida em dois edifícios: um com dois pisos e o outro com apenas um, a fim de “quebrar a volumetria” e torná-la mais “humana”. Uma das premissas do projecto foi construir uma casa, com o maior número possível de quartos, que possibilitasse o arrendamento durante o período em que os proprietários estão fora do país. Assim, no “volume mais baixo”, encontram-se a cozinha, a área técnica e um dos quartos; no outro, a área social, situada no piso térreo, e mais quartos no andar de cima.

Toda a palete de materiais foi ao encontro do “espírito” e “imaginário” da arquitectura portuguesa. Os arquitectos recorreram a “materiais naturais, simples, do dia-a-dia” e à sua “plasticidade”, aproveitando-os para decoração e revestimentos. “Não usamos muitos materiais transformados que vão ao encontro a outras linguagens", diz João Amaral.

A opção passou pela utilização de, por exemplo, forra cerâmica no exterior, betonilha afagada no chão e azulejaria vidrada nas bancadas da cozinha e nas casas de banho, elementos que "imprimem na casa o seu cunho, o seu sentimento". E ajudam a tornar as típicas casas alentejanas tão "singelas": “É uma característica muito portuguesa, uma arquitectura muito depurada que vai buscar estas características aos próprios materiais e não a materiais tecnologicamente muito evoluídos”, afirma o arquitecto.

“As pessoas têm de sentir as casas com algo que as conquiste”, conclui João Amaral, acrescentando que, a seu ver, uma casa que “pelo exterior revela tudo o que é” fica “aquém do esperado”. “O que é interessante na casa é esta relação entre o interior e o exterior. Por fora temos uma linguagem que, de certa forma, dissimula a riqueza espacial que está no interior”, constata. Assim, a Casa dos Brejos cria “momentos inusitados” quando se entra pela primeira vez.

Texto editado por Amanda Ribeiro

Garcês
Garcês
Garcês
Garcês
Garcês
Garcês
Garcês
Garcês
Garcês
Garcês
Garcês
Garcês
Garcês
Garcês
Garcês
Garcês