Pedro Jóia no CCB com José Salgueiro e uma voz fadista: Miguel Ramos

O ciclo Há Fado no Cais leva esta quinta-feira ao Grande Auditório do CCB, em Lisboa, o guitarrista e compositor Pedro Jóia, numa retrospectiva musical envolvida em novidades.

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Pedro Jóia Francisco Levita/CML-ACL

Três anos depois de celebrar a herança da guitarra ibérica no Centro Cultural de Belém, em 31 de Maio de 2019, Pedro Jóia volta esta quinta-feira ao mesmo palco, às 21h. Em 2019, acompanharam-no o Quarteto Arabesco e José Salgueiro. Agora, mantém-se José Salgueiro e junta-se-lhes um fadista, Miguel Ramos, não fosse o ciclo Há Fado no Cais.

“Neste caso, não há assim tanto fado”, diz Pedro Jóia ao PÚBLICO. “Mas vai haver algum, é evidente. Digamos que este espectáculo é uma retrospectiva dos vários trabalhos que tenho feito ao longo dos anos. Vou passar por composições minhas, por Armandinho, Carlos Paredes, Zeca Afonso, flamenco.” A participação do percussionista José Salgueiro, com quem Pedro Jóia gravou o seu mais recente disco, Zeca, tem sido habitual nos seus concertos. “É um companheiro de muitos anos, um músico que admiro muito e com o qual tenho uma grande ligação musical. Vamos tocar em dueto praticamente o concerto todo, sendo que o Salgueiro também irá tocar trompete, pelo menos numas variações de temas do Vicente Amigo. É mais uma vertente, a vertente flamenca, que sempre me acompanha.”

Quanto à presença de Miguel Ramos, há várias razões a justificá-la, segundo Jóia: “É um fadista muito talentoso, com o qual eu estou a trabalhar agora no espectáculo Amore, com a companhia de teatro italiana do Pippo Delbono. Estamos agora em tournée, numa co-produção do Teatro de São Luiz, onde o espectáculo será apresentado em Novembro.” Outra razão “tem a ver com o Há Fado no Cais. E o Miguel, para mim, representa um fado que é ao mesmo tempo tradicional, mas quero tirá-lo desse território e trazê-lo um pouco para o meu.” No CCB, ele vai cantar e tocar viola de fado. “Vai cantar o fado menor, que é dos fados mais emblemáticos, e vai cantar também duas composições que eu fiz especificamente para ele: Eurídice, com um poema de Sophia de Mello Breyner, e Morrer de amor, com um poema de Maria Teresa Horta. E cantará uma canção do repertório dele, que se chama Voltei amor, com poema de Vasco de Lima Couto. Nos temas em que ele tocar viola de fado, eu desempenho um pouco o papel da guitarra portuguesa”

Quanto a Pedro Jóia, tocará sempre a mesma guitarra ao longo da noite. “Vou mudar de afinações, mas sempre com o mesmo instrumento”. Além dos três músicos, haverá ainda uma outra participação: “Este é um espectáculo onde vou ter uma forte componente visual, porque convidei um grande artista que vai fazer desenho de luz, o italiano Orlando Bolognese, que está também a trabalhar no projecto com o Pippo Delbono.”

A par deste espectáculo e da tournée de Amore, Pedro Jóia já pensa num novo disco para lançar em 2023: “Tenho composto canções sem destino certo, embora algumas já estejam bastante encaminhadas, e tenho composto também coisas para guitarra, porque queria muito gravar este ano. Originais, já que há muito tempo que não gravo. Mas no mesmo disco gostava também de inserir um trabalho que estou a fazer agora sobre Vivaldi e Carlos Seixas. Tenho que arranjar forma de, num mesmo disco, pôs isso tudo.”

O ciclo Há Fado no Cais, parceria entre o Museu do Fado e o CCB, tem mais dois nomes na agenda: Jonas, no dia 22 de Abril, e Gisela João, no dia 13 de Maio, ambos às 21h.

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