Estudantes do Técnico contra duplicação do custo das propinas de mestrado

Associação de estudantes declara “luto académico” em protesto contra o aumento das propinas de mestrado, um nível de ensino imprescindível para exercer na área das engenharias.

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Em dois anos, as propinas de mestrado poderão passar de 670 euros para 1250 Daniel Rocha

Os estudantes do Instituto Superior Técnico estão contra a proposta aprovada pela instituição que quase duplica o valor das propinas de mestrado em dois anos, passando de 697 euros para os 1250 euros no próximo.

“Com a desintegração das licenciaturas com mestrado incluído houve, no ano passado, um aumento do valor da propina nesses cursos, de 697 euros para 825 euros. Para o próximo ano lectivo, o Presidente do IST [Instituto Superior Técnico] propôs, em sede de Conselho de Escola, o aumento de 825 euros para 1250 euros, sendo que esta proposta foi aprovada, com o voto contra dos estudantes”, explica um comunicado da Federação Académica de Lisboa (FAL), divulgado neste sábado.

O documento, assinado pelo presidente da FAL, João Machado, refere que a proposta, “caso seja aprovada em sede de Conselho Geral da Universidade de Lisboa, configura um aumento de quase 100% do valor da propina num período de dois anos”.

Numa petição pública dirigida ao presidente do IST, Rogério Colaço, já assinada por mais de 1500 pessoas e apresentada como carta aberta, a associação de estudantes desta faculdade da Universidade de Lisboa realça o aumento dos custos associados à frequência do ensino superior nos últimos anos e lamenta que os estudantes não tenham sido ouvidos sobre a decisão tomada.

A associação de estudantes do IST (AEIST), que face à situação decretou “luto académico” no IST até 24 de Março, Dia do Estudante, considera ainda “inaceitável” a decisão que revela “uma tremenda incoerência com os principais valores de uma escola aberta à sociedade, como qualquer outra instituição de Ensino Superior pública, comprometida naturalmente com a causa pública”.

"Barreira à formação de engenheiros"

“Esta situação é claramente um obstáculo à aposta nas qualificações essenciais para a competitividade do país, para o crescimento da nossa economia e, obviamente, para o desenvolvimento do potencial humano dos portugueses. Na realidade particular do IST, considerando o 2.º ciclo quase indispensável à formação de um engenheiro para o exercício da profissão na sua plenitude de conhecimentos, a AEIST condena veementemente a barreira que se pretende criar à formação de engenheiros na maior e melhor escola de engenharia do país”, defendem os estudantes na carta aberta.

Ressalvam ainda que nunca houve tantos estudantes a pedir bolsas de estudo -- cerca de 100 mil pedidos em Setembro de 2021 -- em paralelo com percentagens elevadas de abandono escolar no ensino superior nos últimos anos.

“A AEIST tomará as diligências necessárias para impedir a aprovação desta proposta em sede de Conselho Geral da Universidade de Lisboa ou para o desenvolvimento de um quadro legislativo que congele a propina de 2.º ciclo no próximo ano lectivo, à semelhança do que aconteceu no último Orçamento do Estado aprovado. A partir deste momento, estaremos na frente da luta junto do Conselho Geral da Universidade de Lisboa e da tutela do ensino superior”, afirmam os estudantes do IST.

A FAL afirma no seu comunicado que “acompanha esta carta” e frisa as dificuldades financeiras que a pandemia trouxe a muitas famílias e “tendo ainda em conta que o mestrado é uma componente indispensável para a formação de um engenheiro, torna este aumento completamente desajustado à realidade e levantará problemas para os estudantes que queiram prosseguir os seus estudos”

Em protesto, cerca de 300 estudantes fizeram um cordão humano, nesta quinta-feira, à volta do edifício central do IST.

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