Seca está menos grave na região litoral Norte e Centro mas situação continua complicada a Sul

Uma parte da região litoral Norte e Centro já se encontra em seca moderada e choveu mais 80% este mês do que na primeira quinzena de Fevereiro. 77% do território nacional continua em seca severa e extrema, sobretudo em Setúbal, Beja e Faro. O mês de Março é até agora o mais seco desde o início do século.

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As melhorias verificam-se também nas regiões de Trás-os-Montes e Beira Alta Miguel Manso

Quase 80% do território nacional, mais concretamente 77%, encontra-se este mês em seca severa e extrema, registando-se uma descida face aos 91% de Fevereiro. Portugal está agora numa fase de “desagravamento da intensidade da situação de seca meteorológica” na região litoral Norte e Centro, segundo o mais recente relatório do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) de monitorização da seca, datado de 15 de Março e publicado esta quinta-feira.

Precisamente um mês antes, a 15 de Fevereiro, o IPMA dava conta de um “agravamento da situação de seca”, com aumento das áreas de seca severa e extrema e de redução dos valores de água no solo - menos de 20% tanto na região Nordeste como na região Sul.

Março veio alterar o panorama: 77% de Portugal continental está em situação de seca severa ou extrema e parte da região litoral Norte e Centro já se encontra em classe de seca moderada. Quanto aos valores de água no solo, verifica-se também aí um aumento, com particular incidência nessa região e nas regiões de Trás-os-Montes e Beira Alta.

Já o Sul do país não apresenta “variações muito significativas”, mantendo-se a classificação de seca severa e extrema, “sendo de realçar os distritos de Setúbal, Beja e Faro”, de acordo com o documento.

Segundo o Índice de Severidade de Seca de Palmer (PDSI), a distribuição percentual por classes no território é a seguinte: 3,9% em seca fraca, 18,9% em seca moderada, 50,4 % em seca severa e 26,8 % em seca extrema. Destes números, é de salientar a entrada da “seca fraca” nas classificações e a descida de quase 12 pontos percentuais na seca extrema.

A seguir a Março de 2012, em que se registou uma situação de seca de 98%, o mês de Março deste ano é o segundo com maior percentagem de seca severa ou extrema desde 1981, bem como o 10º mês mais seco desde 2000. Mais: se considerarmos o período de Outubro de 2021 a 15 de Março de 2022, é preciso recuarmos até 1931 para encontrarmos um período tão seco em Portugal.

Sobre os valores de temperatura do ar, o IPMA revela que estiveram abaixo do valor normal mensal, ao contrário do que aconteceu na primeira quinzena de Fevereiro, em que as máximas estiveram “quase sempre superiores”, com valores médios próximos de 20ºC.

Relativamente à precipitação, o valor médio mensal encontrava-se em Fevereiro abaixo do valor normal mensal de 1917 a 2000, correspondendo apenas a 7%, tendo subido significativamente no início deste mês para 87%. Braga foi o local onde choveu mais nas duas primeiras semanas de Março e Évora onde se registaram os mais baixos níveis de precipitação.

A previsão mensal do Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo (ECMWF) informa que até ao final do mês de Março a temperatura estará acima da média e prevê “a ocorrência de precipitação a partir do próximo dia 20”, durante alguns dias, o que significa que “será provável a continuação da situação de seca meteorológica no final de Março em grande parte do território”.

Ainda assim, o ECMWF admite a possibilidade de existir uma “diminuição da área das classes mais graves do índice PDSI”.

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