Aumento dos combustíveis ameaça capacidade de resposta dos bombeiros, diz Liga

Presidente da Liga dos Bombeiros espera que Governo concretize acordo de Novembro e apoie corporações nos gastos com os combustíveis.

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Para esta sexta-feira está marcada uma reunião da LBP como secretário de Estado Adjunto e da Saúde LUSA/Nuno André Ferreira

A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) conclui, esta sexta-feira, uma ronda de contactos com várias estruturas do Governo, procurando sensibilizar diferentes ministérios para as enormes dificuldades que os aumentos dos preços dos combustíveis também estão a colocar às cerca de 400 associações do sector. António Nunes, presidente da LBP, diz mesmo, em declarações ao PÚBLICO, que “compete ao Governo saber se quer ter bombeiros operacionais ou não”, vincando que as associações do sector pagam os combustíveis como qualquer cidadão e estão confrontadas com aumentos de mais de 25% no preço do gasóleo, que deixam ainda mais “depauperadas” as suas finanças.

O problema reflecte-se sobretudo nos serviços de transporte de doentes para consultas, tratamentos e sessões de fisioterapia e de hemodiálise, que funcionam com base em tabelas de 2011. Também as ambulâncias do INEM colocadas nas corporações de bombeiros estão a funcionar com base em preços de Outubro de 2021, que nada têm a ver com os custos actuais dos combustíveis. “As associações de bombeiros estão a lidar muito mal com a questão dos preços dos combustíveis. Em Novembro tínhamos chegado a um acordo com o Ministério da Saúde, no âmbito de um grupo de trabalho criado para o efeito, mas esse acordo ainda não se concretizou e a situação, hoje, ainda é mais complexa”, constata António Nunes, que não sabe se a concretização dessas actualizações de valores a pagar pelos serviços prestados pelos bombeiros na área da saúde não avançou devido à rejeição da proposta de Orçamento de Estado, à dissolução da Assembleia da República e à necessidade das eleições antecipadas.

Para esta sexta-feira está marcada uma reunião da LBP como secretário de Estado Adjunto e da Saúde para abordar o tema. Será o último contacto de um “ciclo” que já incluiu reunião com a secretária de Estado da Administração Interna e ofícios enviados ao primeiro-ministro, à ministra da Administração Interna, ao ministro do Ambiente e da Transição Climática e à Autoridade Nacional de Emergência e da Protecção Civil. “Vamos ver o que acontece. Fechamos este ciclo de contactos e esperamos que seja possível chegar a uma solução de consenso que sirva os bombeiros e garanta que as nossas associações humanitárias têm condições para continuarem a fazer o serviço público que têm vindo a fazer”, perspectiva António Nunes, revelando, ao PÚBLICO, que a LBP tem sugerido medidas como o acesso das associações de bombeiros ao chamado “gasóleo verde”, o reembolso do IVA pago pelas corporações na aquisição de combustíveis ou a equiparação ao preço pago pelos táxis.

O PÚBLICO notou, no entanto, que outros sectores como os transportes de mercadorias ou até as entregas de refeições têm “conseguido” alguns “benefícios” no acesso aos combustíveis. Mas os bombeiros, apesar da sua função social, não têm sido contemplados. “Se calhar os bombeiros, pela sua humildade e pela forma como gostam de trabalhar os assuntos sem atitudes de reivindicação imediata, ainda não foram atendidos. Mas esperamos uma resposta de quem de direito. Acredito que as pessoas estão de boa-fé e que vamos conseguir encontrar plataformas de entendimento”, prevê António Nunes, frisando que “não faz sentido depauperar ainda mais as já depauperadas finanças das nossas associações de bombeiros”.

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