Jornalista russa que interrompeu transmissão de televisão estatal condenada a multa de 256 euros

Marina Ovsiannikova foi detida e interrogada durante 14 horas seguidas pelas autoridades russas.

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A jornalista Marina Ovsiannikova foi condenada a pagar uma multa de 256 euros Reuters/REUTERS TV

A jornalista russa Marina Ovsiannikova interrompeu, esta segunda-feira, o principal programa de notícias do Canal 1 segurando um cartaz contra a guerra em que a frase “não acreditem na propaganda! Aqui estão a mentir-vos” saltava à vista. Foi multada em cerca de 256 euros depois de interrogada durante 14 horas.

Marina Ovsiannikova compareceu no tribunal de Moscovo, nesta terça-feira, acompanhada pelo advogado, Anton Gashinski, e acabou por ser condenada a pagar uma multa de 30 mil rublos (cerca de 256 euros). “Não reconheço a minha culpa.” “Continuo convencida de que a Rússia está a cometer um crime e que é o invasor da Ucrânia”, afirmou a jornalista no final.

Já Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin, apelidou o acto de “hooliganismo”, acrescentando que “o canal e todos aqueles envolvidos irão ao fundo”, segundo diz a Reuters.

Marina Ovsuannikova revelou, em entrevista à BBC, que foi interrogada durante 14 horas seguidas e impedida de solicitar assistência jurídica. Minutos antes do julgamento, o advogado fez questão de publicar uma fotografia com a jornalista na rede social Telegram para mostrar que a mesma estava viva e bem de saúde.

Marina, natural e Odessa e filha de pai russo e mãe ucraniana, disse sentir-se “profundamente envergonhada” por ter trabalhado no Canal 1 e, consequentemente, ter participado na “propaganda do Kremlin”. “Vão protestar. Não tenham medo de nada. Eles não podem trancar-nos a todos”, afirmou.

A atitude da jornalista foi destacada pelo Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, que se mostrou “grato aos russos que não param de tentar dizer a verdade, que lutam contra a desinformação e contam factos reais aos seus amigos e familiares, e pessoalmente àquela mulher que foi ao estúdio do Canal 1 com um cartaz antiguerra”, cita o jornal The Guardian.

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