Identificado abrigo de morcegos que poderá ser o maior do género em Portugal

O novo abrigo da espécie morcego-de-ferradura-mourisco foi identificado em Beja. Esta é uma das espécies em perigo e pode ser encontrada nas regiões Sul e Centro e, ainda que pontualmente, no interior Norte.

Foto
O novo abrigo foi encontrado na Herdade da Coitadinha, no Alentejo FRANCISCO ROMÃO PEREIRA

Um abrigo com mais de dois mil morcegos de uma espécie criticamente em perigo, que poderá ser “o maior e mais importante do género em Portugal”, foi identificado numa herdade no concelho alentejano de Barrancos.

O abrigo da espécie morcego-de-ferradura-mourisco foi identificado na Herdade da Coitadinha, no Parque de Natureza de Noudar, distrito de Beja, precisou a Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva (EDIA), em comunicado enviado esta terça-feira à agência Lusa.

“Ao fim de quatro anos de investigação”, espeleólogos da EDIA, com a colaboração de um biólogo da Universidade de Évora, conseguiram “confirmar e identificar” o abrigo, que tem “para cima de dois mil” morcegos e “será, provavelmente, o maior e mais importante do género em Portugal”, explica-se.

Segundo a EDIA, o abrigo foi identificado durante os trabalhos desenvolvidos no âmbito do apoio que a empresa tem prestado ao Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) na “monitorização dos abrigos de morcegos de importância nacional” localizados na área do empreendimento de fins múltiplos do Alqueva e áreas limítrofes. O apoio tem vindo a ser prestado desde 2007 e já permitiu fazer a avaliação de outros sete abrigos de importância nacional.

Foto
Morcego-ferradura-de-mourisco Empresa de Desenvolvimento e Infra-estruturas do Alqueva

No entanto, “só agora, em 2022, e durante a hibernação dos morcegos”, se conseguiu aceder ao abrigo identificado na Herdade da Coitadinha, onde foram contabilizados mais de dois mil exemplares.

De acordo com a empresa, os dados disponíveis em Portugal confirmam a presença da espécie morcego-de-ferradura-mourisco nas regiões Sul e Centro e, “muito pontualmente, no interior Norte”.

No Livro Vermelho dos Mamíferos de Portugal Continental e no Atlas dos Morcegos de Portugal Continental, a espécie “está entre as que têm um estatuto de conservação muito desfavorável, com uma classificação de criticamente em perigo”, frisa-se. Trata-se de uma espécie quase exclusivamente cavernícola e que se abriga sobretudo em grutas e minas abandonadas.

Por outro lado, devido à escassez de abrigos e às condições e características de que necessitam, “é muito frequente a aglomeração” de morcegos desta espécie “num número reduzido de locais”. Desta forma, sublinhou a empresa, a perturbação ou alteração das condições de um único abrigo “pode comprometer uma enorme percentagem de indivíduos desta espécie”.

Sugerir correcção
Comentar