As alterações climáticas estão a mudar os corpos e hábitos das aves europeias

Os pássaros europeus, tal como os conhecemos, estão a mudar. O maior culpado? O do costume: as alterações climáticas.

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Chapim-de-poupa © Javier Robres

Não é novidade que as alterações climáticas tenham consequências para todos os que vivem na Terra. Estudos anteriores já confirmavam, por exemplo, que a redução do tamanho das aves canoras se devia ao aquecimento global. Ou que o risco de transmissão das doenças parasitárias de cães e gatos está a aumentar. Mas no final de um quem, onde, quando e porquê, faltava um como.

É uma recolha de dados a partir da década de 60 que nos fala sobre alterações na morfologia, nos tempos de reprodução e no número de crias das aves europeias. A intenção dos investigadores foi também destrinçar que transformações são, realmente, causadas pela crise climática e quanto peso têm factores não ambientais.

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Rabirruivo-de-testa-branca © Francisco Barroqueiro

Assim, um novo estudo, publicado há uma semana na revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, conclui que, sim, o aquecimento global é o principal responsável, mas não o único. Também a crescente urbanização das últimas décadas, o aumento da poluição ou a perda de habitats naturais tiveram um papel nas mudanças de rumo destas aves.

A felosa-comum, por exemplo, está a pôr ovos quase duas semanas mais cedo, o que pode abrir um intervalo entre o dia em que há comida disponível e o dia em que as crias nascem. Basta um desencontro para tirar o equilíbrio a todo o ecossistema.

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Felosa-comum © Diogo Oliveira

Das 60 espécies estudadas pelos investigadores, 19 diminuem de tamanho por cada subida da temperatura média global, outras tantas têm um número diferente de crias do que tinham há algumas décadas. Para quase todas — 51 — os tempos das fases reprodutivas são outros.

A felosa-das-figueiras perdeu um quarto das crias, o que pode determinar o destino da sua linhagem. As fases de reprodução e o tamanho dos ovos que o chapim-de-poupa protege no ninho mudaram. O rabirruivo-de-testa-branca está cada vez maior.

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Felosa-das-figueiras © Luis Rodrigues

Para dar resposta a como será o futuro das espécies europeias, a investigação terá de continuar. “À medida que expandimos o nosso conhecimento sobre como as alterações climáticas afectam directamente cada animal e como factores não ambientais conduzem estas variações, ficamos mais próximos de saber que espécies estão em risco perante a crise climática”, lê-se na conclusão do artigo.

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