Governo não sabe se há portugueses na base militar ucraniana atacada pela Rússia

MNE “procura obter informações sobre eventuais cidadãos” nacionais em Yavoriv. Um amigo dos ex-militares que se voluntariaram para o conflito no Leste diz que eles estão bem.

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Os quatro portugueses, acompanhados por um cidadão ucraniano, partiram de Vila Nova de Gaia no início da semana passada Paulo Pimenta

Não é claro se os quatro portugueses que se voluntariaram para apoiar o exército ucraniano na guerra com a Rússia estavam na base militar atacada, na madrugada deste domingo, pelas forças russas e onde morreram pelo menos 35 pessoas. O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) está a recolher informações para tentar confirmar essa possibilidade. Um amigo dos ex-militares esteve em contacto com eles já depois do bombardeamento e garante que estes estão bem.

Este amigo dos quatro cidadãos nacionais, com quem o PÚBLICO já tinha falado no início do mês, quando este os apoiava nos preparativos da viagem para a Ucrânia, diz não ter a certeza de que os colegas estivessem nas instalações atingidas pelos mísseis russos. A CNN Portugal avançou este domingo que os quatro portugueses estariam na base de Yavoriv, atacada por aviões da Rússia na madrugada.

Esta base faz parte de um grande complexo militar a noroeste da cidade de Lviv, onde há diferentes instalações, incluindo um centro de treino, para o qual têm sido encaminhados os voluntários de todo o mundo que se têm juntado à legião estrangeira, para apoiar as forças ucranianas.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros português ainda “procura obter informações sobre eventuais cidadãos portugueses que se encontrassem na base militar em Yavoriv, na Ucrânia, não podendo até ao momento confirmar a respectiva localização”. Na resposta ao PÚBLICO, insiste vivamente em que, dada a situação vivida naquele país, nenhum cidadão português se desloque para a Ucrânia”. Àqueles que ainda assim o façam, roga-se que ao menos sinalizem ao Gabinete de Emergência Consular a sua deslocação àquele país”, pede o Governo.

Os quatro portugueses, acompanhados por um cidadão ucraniano, partiram de Vila Nova de Gaia no início da semana passada e, segundo a CNN Portugal, terão chegado à Ucrânia na quarta-feira. Em declarações ao canal de televisão, Sofiya Markelov, uma cidadã ucraniana radicada em Portugal, irmã do condutor que levou os ex-militares até à Polónia, garante ter mantido contactos com três deles nos últimos dias. A última vez que falaram foi cerca da 1h00 da madrugada de domingo. Desde então, “deixaram de aparecer online nas redes sociais” e as mensagens que lhes enviou não tiveram notificação de entrega.

Já o amigo destes quatro ex-militares com quem o PÚBLICO falou garante ter mantido contacto com estes durante a tarde deste domingo. “A informação que tenho é de que está tudo bem”, afirma o homem, que preferiu manter o anonimato.

O PÚBLICO esteve com este grupo há uma semana e meia, quando se preparavam para viajar para a Ucrânia. São quatro homens, com idades entre os 25 e os 30 anos, com experiência militar, entre os quais estão ex-membros dos comandos, dos pára-quedistas e do Exército brasileiro. Foram também acompanhados por um cidadão ucraniano, na casa dos 40 anos.

“Nada de hollywoodesco ou como mercenários, nada disso. Vamos como voluntários apoiar as populações”, referia então um dos ex-militares, dizendo estar a responder ao apelo de Volodimir Zelinskii, de quem considera que deve vir a iniciativa para este tipo de mobilização de estrangeiros.

As forças russas bombardearam a base militar de Yavoriv durante a madrugada deste domingo. Segundo a BBC, aviões de combate dispararam cerca de 30 mísseis sobre as instalações, que têm sido designadas pelas autoridades ucranianas como Centro Internacional para a Manutenção da Paz e Segurança. É aqui que chega boa parte da ajuda entregue à Ucrânia por países ocidentais. Esta base militar fica a cerca de 25 quilómetros da fronteira com a Polónia.

O Ministério da Defesa da Rússia garante ter matado cerca de “180 mercenários estrangeiros” e destruído grandes quantidades de armas fornecidas por países ocidentais à Ucrânia no ataque. A informação é contestada pelas autoridades ucranianas, que, no balanço mais recente, dão conta da morte de 35 pessoas neste ataque, do qual resultaram mais de 130 feridos.

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