ONU “desconhece quaisquer programas de armas biológicas” na Ucrânia

Rússia convocou Conselho de Segurança da ONU para apontar o dedo ao país vizinho e aos EUA, que devolveram a acusação e alertaram novamente que os russos podem estar a preparar-se para usar armas químicas na Ucrânia.

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O embaixador russo na ONU, Vasili Nebenzia, convocou a reunião do Conselho de Segurança Reuters/CARLO ALLEGRI

O Conselho de Segurança da ONU voltou a reunir-se esta sexta-feira para discutir a guerra na Ucrânia, mas desta vez a pedido da Rússia, que alega ter encontrado provas de que os ucranianos estavam a desenvolver armas biológicas no país com a ajuda dos Estados Unidos.

A alta representante para os assuntos de desarmamento, Izumi Nakamitsu, começou a reunião a garantir que “a ONU desconhece a existência de quaisquer programas de armas biológicas” e lembrou que tanto a Ucrânia como a Rússia subscreveram a convenção de 1972 que proíbe o desenvolvimento deste tipo de armas.

Vasili Nebenzia, embaixador russo junto da ONU, disse que os militares do seu país fizeram uma descoberta “verdadeiramente chocante” durante a invasão. “A limpeza de emergência, por parte do regime de Kiev, das evidências do programa militar biológico, que está a ser criado por Kiev com o apoio do Departamento de Defesa dos EUA”, afirmou.

Segundo o diplomata, o Ministério da Defesa russo acredita que “existia uma rede de pelo menos 30 laboratórios biológicos” na Ucrânia. Nebenzia referiu-se a um programa em particular, cujo objectivo seria “estudar a possibilidade de disseminar infecções particularmente perigosas através de aves migratórias”.

As palavras russas fizeram ricochete. “É a Rússia que há muito tem um programa de armas biológicas em violação da lei internacional. É a Rússia que tem um historial bem documentado de utilização de armas químicas”, respondeu Linda Thomas-Greenfield, embaixadora dos EUA na ONU.

A diplomata norte-americana garantiu que “a Ucrânia não tinha nenhum programa de armas biológicas” e que “não existem esses laboratórios”, acusando a Rússia de ter convocado o Conselho “apenas para mentir e espalhar desinformação”.

Através do Departamento de Defesa, os EUA têm desde 2005 um acordo de assistência com alguns laboratórios de saúde pública ucranianos, com vista a melhorar as condições de segurança de patogénicos perigosos e as tecnologias da sua investigação. A Organização Mundial de Saúde e outros países também contribuem para esse programa.

Linda Thomas-Greenfield acusou a Rússia de muitas vezes fazer aquilo que aponta aos outros. “Estamos seriamente apreensivos que a Rússia esteja a planear utilizar armas químicas e biológicas na Ucrânia”, disse.

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