Plataformas de TVDE sobem preços das viagens

Num contexto de subida de combustíveis, a tarifa mínima no UberX sobe 30% esta sexta-feira, passando dos 2,5 euros para 3,25 euros. Free Now subiu tarifas em 10% a 28 de Fevereiro, e a Bolt diz que prevê “ter de aumentar os preços praticados nos próximos dias”.

Foto
Free Now fala de um aumento médio na despesa dos motoristas com combustível de cerca de 30% Paulo Pimenta

A partir desta sexta-feira, a Uber vai subir preços das viagens de TVDE (transporte de passageiros em veículo descaracterizado), num movimento que conta também com a participação dos concorrentes do sector, a Free Now – que subiu as tarifas em 10% a 28 de Fevereiro – e a Bolt – que afirmou ao PÚBLICO prever “aumentar os preços praticados nos próximos dias”.

No caso da Uber, a subida abrange a Área Metropolitana de Lisboa, e é justificada com o objectivo de permitir que “mais motoristas encontrem uma oportunidade económica nesta actividade, mesmo em viagens mais curtas”. Num contexto de subida acentuada de preços dos combustíveis, quando já havia dificuldade em responder à procura (com episódios de tempos de espera elevados ou cancelamentos de viagens), a tarifa mínima no UberX, por exemplo, sobe 30%, passando dos 2,5 euros para 3,25 euros. Já a tarifa base sobe 5,5% para 0,95 euros e a tarifa por quilómetro sobe 5% para 0,62 cêntimos (a tarifa por minuto mantém-se nos 0,09 euros, segundo a nova tabela).

De acordo com a Uber, “esta alteração poderá ser revista no futuro, caso haja novas variações na procura”. Não está previsto o envio de uma mensagem aos clientes a informar do novo precário, mas fonte oficial da Uber destacou ao PÚBLICO que os “preços são sempre mostrados com antecedência aos utilizadores na app antes da viagem ser pedida, tal como manda a lei, e de forma a que nenhum utilizador seja surpreendido naturalmente”.

“Estamos não só a sofrer um impacto estrutural de dois anos de pandemia, que ainda está longe de ter desaparecido”, refere mesma fonte, como os “efeitos conjunturais da situação na Ucrânia”. “Face a estes constrangimentos, o que é essencial é que o sector – operadores, motoristas TVDE, e plataformas – tenha flexibilidade para lidar o melhor possível com estas circunstâncias desafiantes, sejam elas quais forem e durem elas quanto tempo durarem”, diz a empresa.

Além do ajuste de preços, a Uber acrescenta que continua “a fechar acordos e parcerias que procuram amenizar os impactos causados pela subida dos combustíveis, como é o caso da parceria entre a Uber e a Galp, em que os motoristas Uber têm acesso a descontos exclusivos em combustíveis”.

Tendência de subida

Por parte da Bolt, o responsável por este negócio em Portugal, Nuno Inácio, sublinha que o preço do combustível “é um dos elementos que compõem o custo dos serviços oferecidos” pela empresa. Logo, “face ao aumento anunciado, prevemos ter de aumentar os preços praticados nos próximos dias”, afirma.

“Estamos a acompanhar de perto a evolução dos preços dos combustíveis para tomar decisões informadas e conseguir avaliar internamente quais devem ser os próximos passos, de modo a continuar a prestar um serviço com preços competitivos para o mercado e o maior lucro possível para os nossos parceiros”, diz o gestor. Nuno Inácio acrescenta que no início da semana a empresa anunciou “a redução de 15% nas comissões cobradas aos condutores que utilizem a categoria Gama Eléctrica, durante um ano”, que passa para 5%.

Bruno Borges, director-geral da Free Now em Portugal, recorda que “a tendência de subida dos preços de gasolina e gasóleo é um cenário que se verifica desde há um ano”, situação que “a eclosão desta guerra em território europeu acabou por agravar ainda mais”.

“Ajustámos recentemente as tarifas com o intuito de mitigar o impacto desta escalada dos preços para os motoristas, acrescenta o gestor - o último ajuste das tarifas foi 28 de Fevereiro, com um aumento de 10%, segundo a empresa. Antes, a tarifa mínima já tinha subido de 2,5 euros para três euros e tinham sido eliminadas as tarifas low cost “no sentido de valorizar cada vez mais a carreira de motorista TVDE”. “Actualmente, somos a plataforma que menor comissão cobra (20%) aos motoristas, 18,5% caso se tratem de veículos eléctricos, pagamos compensação aos mesmos motoristas em recolhas distantes e somos também a única plataforma a operar no mercado nacional com sede fiscal no nosso país”, realça Bruno Borges.

Despesa média semanal sobe 120 euros

Esta quinta-feira, a empresa anunciou também uma parceria com a Repsol que permite uma “poupança adicional de 0,16 euros/litro”. No comunicado enviado às redacções, a empresa refere que, com os últimos acontecimentos, os motoristas “passarão de uma despesa média semanal de 400 euros em combustível para aproximadamente 520 (cerca de 30% de aumento em média) a partir desta semana”.

Por seu lado, os parceiros e motoristas de TVDE têm vindo a reclamar por melhores condições de negócio (como a idade máxima dos veículos passar dos actuais sete anos para dez) e de trabalho, nomeadamente remuneratórias, isto numa altura em que se prepara a revisão da lei em vigor.

No negócio das entregas ao domicílio, a Ubereats não respondeu às questões do PÚBLICO, tendo a Glovo afirmado que, no actual contexto de alta dos combustíveis, retirou a taxa de activação para a entrada na plataforma. A empresa diz ter estabelecido uma parceria com a Repsol que dá um desconto de 0,05 euros por litro aos estafetas, e que está “a explorar parcerias com outras redes”.

“Temos também parceria com a eCooltra e com a Wyze mobility, permitindo o aluguer e a compra de veículos eléctricos a preços mais baixos”, explicou fonte oficial da empresa, acrescentando que envia “comunicações regulares aos estafetas de forma a explicar as medidas governamentais (como o Autovoucher)”. Sobre eventuais impactos no valor a pagar pelos utilizadores da plataforma, a Glovo diz que vai “baixar as taxas de entrega de uma forma transversal, nas mais de 90 cidades” em que opera.

Sugerir correcção
Ler 6 comentários