Críticos e aliados de Biden querem evitar potencial recomeço de importações de petróleo da Venezuela

Senador republicano Marco Rubio planeia propor legislação impedindo potenciais importações da Venezuela e do Irão, mesmo antes desta possibilidade ter sido abertamente posta pela Casa Branca.

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Reacções como a Marco Rubio, senador republicano da Florida, a uma potencial importação de petróleo da Venezuela mostra como a questão é "tóxica" MICHAEL REYNOLDS/EPA

A possibilidade de a Administração Biden flexibilizar a pressão económica sobre a Venezuela para permitir recomeçar a importar petróleo do país está a deixar muitos críticos, e até aliados, de Joe Biden, incomodados.

O senador republicano Marco Rubio planeia apresentar uma lei ainda esta semana par proibir importações de petróleo da Venezuela, e também do Irão, temendo que a Administração queira substituir o petróleo russo com o destes dois países.

Também um democrata, o presidente do comité de Relações Externas do Senado, Bob Menendez, aliado de Biden, apelou ao Presidente para que não volte atrás na suspensão da compra de petróleo à Venezuela. “Nicolás Maduro é um cancro no nosso hemisfério e não devíamos dar nova vida ao seu reinado de tortura e assassínio”, disse Menendez esta segunda-feira.

A especulação de que os Estados Unidos poderiam mudar a sua atitude face ao petróleo venezuelano aconteceu depois de um encontro entre delegações dos dois países durante o fim-de-semana, em Caracas, o encontro de mais alto nível desde 2019 entre os dois países e que resultou na libertação, na terça-feira, de dois cidadãos dos Estados Unidos que estavam presos na Venezuela: Gustavo Cardenas, um dos seis executivos da petrolífera Citgo detidos em 2017, e Jorge Alberto Fernandez, um cubano-americano que havia sido detido junto à fronteira com a Colômbia.

A Administração Biden reconheceu ter tido como objectivo, no encontro, discutir a questão energética, sem especificar se implicava aliviar as sanções ao Governo de Maduro em troca do petróleo de que os EUA precisam.

O Politico comentava que as reacções fortes e imediatas, especialmente na Florida, deixam ver a “a radioactividade política da questão”.

Por outro lado, a revista Forbes explicava que mesmo que a Administração Biden considerasse voltar a importar petróleo da Venezuela para substituir o petróleo russo e ajudar a manter o preço do gás, isso será muito difícil na prática. “A Venezuela não pode contribuir muito”, disse José Toro Hardy, um economista venezuelano, à revista. Toro Hardy diz que seria preciso um investimento de cerca de 250 mil milhões, e um período de sete a oito anos, para que a Venezuela conseguisse voltar aos níveis de produção de 1998, que eram de 3,5 milhões de barris por dia.

Os Estados Unidos têm de encontrar um modo de substituir os 245 mil barris por dia de crude que importava da Rússia, e a par da Venezuela e do Irão tem sido referida a Arábia Saudita como possíveis fontes alternativas, mas muitos estão contra substituir o petróleo russo por petróleo vindo de outras ditaduras.

Os republicanos têm aproveitado para pedir mais prospecção no território norte-americano para aumentar a produção interna, e também voltaram a propor legislação para voltar a autorizar o oleoduto Keystone XL, a 4.ª e última fase do sistema que liga o Sul do Canadá ao Sul dos Estados Unidos, rejeitado por Barack Obama por questões ambientais que foi recuperado por Donald Trump, e de seguida travado em tribunal.

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