Cesária Évora, Patti Smith, Sinéad O’Connor e Telectu no IndieLisboa

Também Carlos Zíngaro, Lou Reed e John Cale ou Courtney Barnett constam da programação do IndieLisboa, que este ano decorre entre 28 de Abril e 8 de Maio.

lou-reed,andy-warhol,cinema,culturaipsilon,indielisboa,musica,
Fotogaleria
Cesária Évora, de Ana Sofia Fonseca, é o filme que abre a programação de cinema do IndieLisboa DR
lou-reed,andy-warhol,cinema,culturaipsilon,indielisboa,musica,
Fotogaleria
Songs for Drella é a filmagem, por Ed Lachman, de uma actuação do ciclo de canções de John Cale e Lou Reed sobre Andy Warhol DR

Já se conhece a música do IndieLisboa 2022. O programa do IndieMusic, a secção musical do festival de cinema lisboeta que decorre entre 28 de Abril e 8 de Maio, foi divulgado esta quinta-feira e abre este ano com Cesária Évora, da realizadora e jornalista Ana Sofia Fonseca, que também vai passar no festival South by Southwest, em Austin, Texas. Foi rodado ao longo de cinco anos e conta a história da lenda cabo-verdiana através de imagens de arquivo inéditas e novas entrevistas. Outra cantora abordada, desta feita também poeta, é Patti Smith. O festival vai mostrar Patti Smith, la poésie du punk, de Anne Cutaia e Sophie Peyrard, um documentário do canal francês ARTE que traça as origens de Smith na Nova Jérsia rural e atravessa os seus 50 anos de carreira na cena musical nova-iorquina.

A Escuta, de Inês Oliveira, debruça-se sobre Carlos Zíngaro, violinista, compositor e músico experimental que no final dos anos 1960 fundou o importante grupo Plexus, paralelamente à sua carreira como cenógrafo, ilustrador e artista plástico. O próprio actua no mesmo dia em que o filme é exibido, na Culturgest. A vanguarda portuguesa está também representada em Sonosfera Telectu, com a assinatura de Vasco Bação, Vítor Rua e Ilda Teresa Castro, mostrando um olhar pelas excursões internacionais do duo Telectu, que unia o co-realizador Rua ao defunto Jorge Lima Barreto, nas décadas de 1980 e 1990. Também português é o filme de Pedro Coquenão, ou Batida, Batida Apresenta: The Almost Perfect DJ, que mostra uma performance sua.

Regressando a Nova Iorque, Songs for Drella, de Ed Lachman, filmagem de uma actuação em Brooklyn do ciclo de canções de John Cale e Lou Reed, ambos ex-Velvet Underground, sobre Andy Warhol, uma figura fundamental na história da banda dos dois. Gravado no início dos anos 1990, o negativo desse concerto foi agora restaurado depois de ter sido encontrado por Lachman, director de fotografia que trabalhou com nomes como Jonathan Demme, Susan Seidelman, David Byrne, Dennis Hopper, Mira Nair, Paul Schrader, Sofia Coppola, Steven Soderbergh, Robert Altman, Todd Solondz ou Todd Haynes, enquanto trabalhava no documentário sobre os Velvet Underground deste último realizador, que saiu no ano passado.

Numa altura em que cada vez mais se olha para trás para a forma como certas figuras, na sua maioria mulheres, foram julgadas em praça pública nas décadas de 1990 e 2000, com muito preconceito à mistura, Nothing Compares, de Kathryn Ferguson, traz à baila a história da cantora irlandesa Sinéad O'Connor. O documentário revisita o período compreendido entre 1987, ano da estreia da cantora em disco, e 1992, altura em que meio mundo caiu em cima dela por, durante uma actuação no programa Saturday Night Live, ter rasgado uma fotografia do Papa João Paulo II. Fê-lo não só para protestar contra o abuso sexual de crianças na igreja, mas também, disse recentemente, para contrariar a idolatria da sua própria mãe face às “mentiras e mentirosos e abuso” que tal fotografia representava.

Há ainda espaço para Rewind and Play, de Alain Gomis, entrevista de Thelonious Monk à televisão francesa gravada em 1969, The Sparkling Sound of the 80s, documentário sobre o género musical italo disco realizado por Alessandro Melazzini, Laurent Garnier: Off the Record, de Gabin Rivoire, a focar o produtor e DJ francês que lhe dá o nome, Anonymous Club, de Danny Cohen, sobre a australiana Courtney Barnett, Love, Deutschmarks and Death, de Cem Kaya, que olha para a música da imigração turca para a Alemanha. Bem como The Lost Record, de Alexandra Cabral e Ian Svenonius, membro fundamental (Nation of Ulysses, The Make-Up, Weird War, XYZ) da cena punk de Washington desde os anos 1980, sendo que a dupla actua no MusicBox no dia 6 de Maio.

O júri desta secção é composto pela artista Diana Policarpo, a artista e cantora/compositora Francisca Salema, que assina música como Sallim e o radialista Ricardo Mariano.

Sugerir correcção
Comentar