Ryanair cancela 19 rotas de Verão em Lisboa e culpa a TAP e o Governo por “bloquear slots

Ryanair comunicou esta terça-feira a decisão, mas diz que os três aviões que serão realocados voltam no Inverno. Companhia diz que os bilhetes já pagos podem ser reembolsados ou ser compensados com voos alternativos.

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Michael O'Leary, presidente executivo da Ryanair Nuno Ferreira Santos

Em Lisboa, o presidente executivo da Ryanair, Michael O’Leary, já tinha lançado o ultimato numa conferência de imprensa em Fevereiro. Seguiram-se várias exigências ao Governo português para que interviesse no que considera o “bloqueio de slots [autorizações para aterrar ou levantar voo numa determinada hora] no aeroporto de Lisboa” por parte da TAP, e, agora, chega a confirmação: a low cost acaba de anunciar que não vai avançar com 19 rotas em Lisboa para o Verão deste ano. A razão apontada em comunicado: o “bloqueio de slots que a TAP não pode utilizar”.

Avançando com números próprios, a empresa diz que esta decisão pode representar a “perda de 5000 voos e 150 empregos” (que não especifica), e que o número de aeronaves baseadas em Lisboa será reduzido “de sete para quatro”, com uma estimativa de menos “900 mil passageiros”, com a consequente perda ao nível de receitas turísticas. Estes aviões, que tinham sido introduzidos no passado mês de Novembro (quando anunciou 22 novas rotas em Lisboa), vão voltar no período de Inverno, de acordo com as informações da empresa.

Quanto aos bilhetes destas rotas que já foram vendidos, cujas slots não estavam garantidas, a Ryanair diz que "todos os passageiros afectados” pelos cancelamentos vão “receber notificações no e-mail até ao final desta semana, com a possibilidade de reembolso ou voos alternativos de/para Lisboa para o Verão 2022”.

“Esta acção deve-se ao facto de a TAP continuar a bloquear slots no aeroporto de Lisboa, dos quais não pode nem irá utilizar neste Verão”, defende-se no comunicado, acrescentando que “estes cancelamentos – que poderiam ser evitados – acontecem após inúmeras tentativas, por parte da Ryanair, de solicitar ao Governo português que interviesse na libertação dos slots inutilizados pela TAP no Verão 2022”.

O comunicado cita ainda O'Leary, que considera que este “bloqueio anticoncorrencial” dos slots “impede o crescimento e atrasa a recuperação do tráfego, turismo e empregos em Lisboa”. “Os nossos últimos esforços para pedir ajuda ao primeiro-ministro António Costa resultaram num total de 0 [zero] respostas”, remata O'Leary.

A 16 de Fevereiro, a Ryanair tinha dito que, “apesar da potencial perda” de 20 rotas em Lisboa, tinha “a maior programação de sempre para o Verão 2022 de/para Portugal, com mais de 15 novas rotas (165 no total) para destinos excitantes como Bari, Billund, Madeira e Paris”.

A Ryanair tem reclamado contra os slots da TAP desde o Verão do ano passado. Numa conferência de imprensa em Agosto,
Michael O’Leary defendeu que a TAP estava deliberadamente a bloquear slots que não utilizava. Uma das exigências da Comissão Europeia após a “luz verde” dada ao plano de reestruturação da companhia aérea portuguesa incidiu precisamente neste tema, obrigando a TAP a ceder 18 slots no aeroporto de Lisboa. No entanto, o processo só irá ter efeitos práticos no próximo Inverno, e falta ainda saber que ficará com essas autorizações, num processo gerido por Bruxelas. Em caso de empate, a TAP terá uma palavra a dizer sobre o concorrente que reforçará a sua posição no aeroporto Humberto Delgado, o que já foi criticado pela Ryanair.

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