Manter o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior

Continua-se a ler notícias sobre o ensino superior vir a ser incorporado na educação. É estranho.

Atentemos em que o nosso país enfrenta diversos desafios. Até agora, a pandemia que ainda não terminou nem as condições sanitárias decorrentes. Sabe-se como o conhecimento de índole da ciência fundamental, que se havia vindo a criar, foi central no estabelecimento de vacinas contra a covid-19. E o conhecimento epidemiológico que tem estado em permanente evolução, conforme se vai sabendo mais sobre o novo vírus e a doença através da investigação científica, tem sido central na análise da situação e de tomada de medidas.

Temos o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), grande aposta para a superação da situação e o desenvolvimento do país, no qual o conhecimento científico e a inovação desempenham um papel na sua concretização. Sabemos que sectores tradicionais, como os do calçado e dos têxteis, têm vindo a beneficiar de conhecimento em ciência e tecnologia (C&T). E também a importância da C&T no sector agro-alimentar e nas pescas.

uma guerra com ameaças nucleares na Europa e múltiplos outros aspectos, como de cibersegurança. Infelizmente, o nosso país sofreu recentemente ataques deste tipo, com incidência nos media, no acesso à Internet e em comunicações no campo da saúde.

Sabemos que muitas áreas de actividade exigem hoje domínios sofisticados, como a robótica e a inteligência artificial. A saúde está cada vez mais interligada com a biologia e a genética moleculares. No sector da Defesa do nosso país, a tão importante cibersegurança exige, nomeadamente, tecnologias da informação e comunicação avançadas. As políticas públicas necessitam de domínios como a sociologia e a ciência política. Todos estes domínios científicos estão nas universidades.

A ciência, com a sofisticação e dimensão que tem hoje no país, desenvolveu-se num imenso esforço de há poucas décadas, conseguindo vir a colocar-se na fileira da frente global.

Nenhum governo ou ministro podem fazer boa obra com uma orgânica para a acção desajustada. Tenho esperança de que os que produzem e difundem conhecimento científico expressem as suas posições. E que também o façam os empresários e os responsáveis por outro tipo de instituições que têm vindo a usufruir de conhecimento em C&T das nossas universidades e politécnicos. Todos para que a organização fique e evolua.

De notar que a estrutura existente, além da ciência e do ensino superior, engloba a parte de desenvolvimento tecnológico, o digital e a inovação com base em C&T. A manutenção de designação já com forte tradição também é importante. Temos de manter o Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior.

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