Aulas de português e 80 ofertas de emprego. Como a Madeira está a receber grupo de ucranianos

Arquitectura, mecânico, empregado de mesa, engenheiro. As empresas madeirenses já disponibilizaram 80 ofertas de trabalho para os ucranianos retidos na Madeira. Para já, vão ter aulas de português.

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A Madeira já tem 80 ofertas de trabalho para refugiados ucranianos Paulo Pimenta

O grupo de turistas ucranianos que ficou retido na Madeira vai contar, partir desta semana, com aulas de português. A formação, que começa esta quinta-feira, é direccionada para aqueles que pretendem ficar no arquipélago.

“A língua é a principal barreira, e nós queremos ajudar a ultrapassá-la”, disse aos jornalistas a secretária regional da Inclusão Social e Cidadania, Rita Andrade, durante uma conferência de imprensa marcada para fazer um balanço ao acompanhamento que tem sido feito ao grupo de ucranianos, que foi apanhado pela guerra quanto estava de férias na Madeira.

“A formação será dada no hotel onde a maioria está hospedado”, explicou Sérgio Oliveira, da Associação de Casas do Povo da Madeira, entidade que vai promover estes cursos de português.

Além da formação, que nesta primeira fase terá capacidade para 80 pessoas, Rita Andrade destacou também as mais de 45 empresas regionais que apresentaram um total de 80 ofertas de trabalho. São, explicou a secretaria regional, oportunidades na maioria na área da hotelaria e restauração (cozinha, mesa, alojamento), mas também na construção civil (arquitectos, engenheiros, operários) e no ramo automóvel (mecânicos, electricistas).

“São ofertas bastante diversificadas, que estão disponíveis de imediato para aqueles que quiserem”, disse Rita Andrade, admitindo que as pessoas ainda estão a pensar no que vão fazer. “As pessoas estão atordoadas. Foi tudo muito rápido”, ressalvou Igor Chervonovskyy, ucraniano residente na Madeira, que tem sido o interlocutor das autoridades madeirenses junto do grupo de deslocados.

Para já, estão sinalizados 86 cidadãos ucranianos deslocados pelo conflito, mais do que os 73 que inicialmente as autoridades regionais tinham conhecimento. “É sinal que têm chegado mais pessoas”, continuou Rita Andrade, explicando que o governo madeirense está a acompanhar o grupo através dos diversos serviços: Segurança Social, Direcção Regional de Emprego e Direcção Regional de Turismo.

Deste grupo, 27 pessoas estão alojadas numa unidade hoteleira no Funchal, através da linha de Emergência Social, e outras 24 ainda não precisam deste apoio, mas assim que terminar o alojamento onde têm permanecido, vão solicitar esse acompanhamento. “Cerca de 35 pessoas, disseram que não vão, para já, precisar de qualquer apoio”, adiantou, elogiando as respostas que têm sido dadas pela sociedade madeirense. “São 17 famílias que já se disponibilizaram para acolher cidadãos ucranianos em casa. Muito obrigado para todas as estas pessoas”, agradeceu, acrescentando que os serviços públicos madeirenses têm feito um acompanhamento personalizado a cada um destes deslocados.

O primeiro passo, explicou, tem sido feito no Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, onde é emitida a declaração de protecção temporária. A partir passam a entrar nos sistemas de Segurança Social, Finanças e Instituto de Emprego. Este grupo, que chegou à Madeira de férias a meio de Fevereiro, rondava inicialmente rondava as duas centenas, mas a maioria saiu do arquipélago uma semana depois num voo para a Lituânia, apoiado por esta república báltica.

Entre os que ficaram, estão 14 crianças. Rita Andrade diz que essas informações foram já passadas à Secretaria Regional de Educação, mas é ainda prematuro integrar estas crianças na escola. “É tudo muito cedo. Vamos aguardar, e ver o que as famílias decidem fazer.”

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