Palcos da semana

The Divine Comedy em modo best of, Stomp de volta, uma nova mostra entre Gaivotas e Belém, um ciclo de Música e Mito e Tony Conrad em exposição.

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A trupe britânica Stomp regressa com a sua celebração da percussão DR
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Neil Hannon e os seus Divine Comedy vêm celebrar 30 anos de carreira DR
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Bruna Carvalho estreia Penumbra na mostra Gaivotas <-> Belém DR
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A actriz Leonor Silveira participa no ciclo Música e Mito DR
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A Culturgest prepara a primeira exposição de Tony Conrad em Portugal Frederick Eberstadt

O divino charme dos 30

Neil Hannon e os seus Divine Comedy, criadores de uma pop barroca e irónica q.b., capaz de fundir um forte culto com o aplauso da crítica, não só estão de volta a Portugal como programaram uma dose dupla de concertos. Ao contrário da última visita, motivada pelo álbum Office Politics (2019), desta vez o chamariz não está em novidades, mas na revisão da matéria publicada ao longo de mais de 30 anos de actividade. É uma celebração, portanto, que se perfila no alinhamento desta digressão, na senda do recém-lançado best of Charmed Life.

Ao ritmo das ruas

Desde o início dos anos 1990 que são um fenómeno a “varrer” lotações mundo fora. Andam armados de vassouras, bidões, jornais, paus, carrinhos de supermercado, caixotes de lixo, suas tampas e demais materiais que imaginaríamos encontrar num beco escuro de uma cidade qualquer, sem suspeitar do seu potencial enquanto instrumentos de espectáculos imparáveis. Continua a ser esta a fórmula dos Stomp, a trupe britânica que pega em objectos de rua e lhes dá a nobreza da percussão, das coreografias e da criatividade, com um toque de humor e o ritmo por todo o corpo. Portugal já os recebeu em pelo menos uma dezena de ocasiões e, quem viu, aprendeu a não esperar mais do mesmo, sabendo que os números se vão renovando e os intérpretes também. O reencontro, atrasado pela pandemia, acontece agora.

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Stomp DR

Gaivotas em Belém

Joãozinho da Costa assina Fidjo di Tchon, uma crítica à acumulação, com um pé na Europa e o corpo na Guiné-Bissau. Bruna Carvalho surge da Penumbra, a explorar “a cristalização de imagens no plano da luz e sombra puras”. Silvestre Correia “procura o encontro da ferramenta teatral com a do cinema”, num acto performativo chamado Filme. Luara Raio lança Apocalypso, que coreografa e interpreta a meias com Acauã El Bandide Sereia. Todos os espectáculos são estreados na edição inaugural de Gaivotas <-> Belém, uma mostra de artes performativas que quer “tomar de pulso ao nosso tecido criativo emergente”. Co-produzida pelo Teatro Praga, O Espaço do Tempo e o Centro Cultural de Belém, tem Rui Horta e Pedro Barreiro como programadores.

Mitos às partituras

No dia 8 de Março, uma figura feminina é evocada pelo Remix Ensemble Casa da Música. Cassandra surge na peça de Michael Jarrell, baseada no texto em que Christa Wolf reescreveu a história da profetiza helénica. Ao agrupamento, dirigido por Peter Rundel, juntam-se o colectivo Worten Digitópia e a actriz Leonor Silveira. É o início do ciclo Música e Mito, que parte da ideia de que “a mitologia está presente em todas as formas de arte” para reunir “o resultado dessa inspiração em obras de compositores de vários períodos”. Os restantes concertos estão entregues à Orquestra Sinfónica da casa, que há-de abordar Amores Obsessivos, articulando as óperas Senza Sangue, de Peter Eötvös (no púlpito), e O Castelo do Barba Azul, de Bartók (dia 12); visitar o titã Prometeu através de Beethoven e Liszt, à mistura com Saint-Saëns e Wagner, com Michael Sanderling como maestro (dia 18); e enveredar por Amores Enfeitiçados de Manuel de Falla e Shchedrin, sob a batuta de Stefan Blunier e na companhia da cantora de flamenco Marina Heredia (dia 25).

Antologia da subversão

Foi pioneiro da música minimal americana, do drone, do noise. Amplificou largamente as direcções criativas possíveis. É tido como padrinho dos Velvet Underground. E influenciou sucessivas gerações de artistas, com alcance muito para além da vanguarda, da pop ou até da música. Tony Conrad (1940-2016) é lembrado numa exposição antológica a inaugurar pela Culturgest no próximo sábado – a primeira que lhe é dedicada em Portugal. Com curadoria de Balthazar Lovay, toma a música como ponto de partida, mas alarga-se às múltiplas áreas a que Conrad aplicou o seu sentido de experimentalismo, num desafio à “categorização tradicional das diferentes ramificações da cultura”, anuncia folha de sala. Pinturas, instalações, “ferramentas acústicas” e filmes (como The Flicker) convivem nesta “exposição sobre cinema, música, media, subversão e crítica da autoridade”, acrescenta.

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