Bolsas em quebra, petróleo na barreira dos 110 dólares e gás em alta

A manhã nos mercados fica marcada pelo agravamento do custo dos produtos energéticos depois da tomada de controlo da Rússia da maior central maior central nuclear da Europa, na Ucrânia.

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O preço do barril de petróleo está em subida acentuada Reuters/Richard Carson

A cotação do petróleo continua em valores historicamente altos ao nono dia de guerra na Ucrânia. O Brent do Mar do Norte, a referência para o mercado europeu, está a negociar nesta sexta-feira nos 111,27 dólares por barril, uma subida de 0,9% em relação ao valor do fecho de quinta-feira. Um dos acontecimentos que está a marcar o dia nos mercados é a tomada de controlo pelos russos da maior central nuclear da Europa, na Ucrânia.

Embora o barril de petróleo persista acima do patamar dos 110 dólares, é um valor de negociação inferior ao pico de 119,37 dólares atingido na sessão de quinta-feira.

A caminhar para uma valorização semanal de 14%, o preço desta matéria-prima está a ser negociado em máximos de 2014, reflectindo a invasão da Ucrânia pela Rússia e o efeito económico das sanções do Ocidente, como refere uma análise de mercado da XTB. O Brent já subiu 40% desde o início do ano e 70% em relação a um patamar mínimo verificado em Dezembro, diz a mesma empresa de análise de mercado.

O crude negociado em Nove Iorque, o West Texas Intermediate (WTI), segue igualmente em trajectória ascendente, próximo da barreira dos 110 dólares por barril. Por volta das 10h em Lisboa, apresentava uma valorização de 1,45% que colocava a cotação nos 109,23 dólares.

Numa altura em que se temem os efeitos do fim do fornecimento de petróleo por parte da Rússia, responsável por cerca de 30% da oferta na Europa, os países procuram encontrar alternativas a essa dependência energética, que não é um exclusivo desta matéria-prima.

Os preços do gás natural, produto de que a Rússia é o maior exportador, seguem o mesmo padrão. O preço dos contratos para entrega em Abril negociados no mercado holandês, a referência para os países europeus, apresenta uma subida de 9% na sessão desta sexta-feira, com o preço nos 174,7 euros por megawatt/hora, ainda assim abaixo do máximo momentâneo verificado na quinta-feira. A escalada face há cinco dias é expressiva, com um agravamento do preço em 86%.

A manhã nos mercados ficou marcada pela notícia de que a maior central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, a maior da Europa, passou a ser controlada pelas forças militares russas.

As principais bolsas europeias estão em terreno negativo. Paris, Frankfurt recuam 3% por volta das 10h30, Milão quase 4%, Londres e Amesterdão perdem 2,7%, Madrid 2,2%, Bruxelas 2% e Lisboa 1,4%. O Euro Stoxx 50, que reúne grandes empresas europeias, está com uma quebra de 3%, em linha com o registo dos índices alemão e francês. O mesmo se verifica com o índice de referência STOXX Europe 600, a cair 2,7%.

“Os mercados estão preocupados com as precipitações nucleares”, perante o risco de que “um erro de cálculo ou uma reacção excessiva” faça prolongar a guerra, comentou à Reuters Vasu Menon, responsável pela área de estratégia de investimento do banco chinês OCBC.

Há outras matérias-primas com aumentos significativos, do trigo ao alumínio, passando pelo carvão. O Financial Times refere que os preços do trigo aumentaram 60% desde o início de Fevereiro.

Dominic O'Kane, analista da JPMorgan, disse ao Financial Times que “os acontecimentos na Rússia e na Ucrânia estão a desencadear movimentos excepcionais nos preços das mercadorias, o que poderá ter implicações estruturais na oferta a longo prazo”, havendo também “ameaças credíveis de destruição da procura” associadas a esta evolução dos preços.

Em relação ao petróleo, os analistas já começam a perspectivar uma escalada ainda maior, para a marca dos 150 ou 200 dólares por barril. “Estas possibilidades estão a ser consideradas pelo Saxo Bank e pelo Bank of America. A Bloomberg aponta para um interesse crescente em opções a estes níveis. A Rússia é um player importante, mas os mercados poderão mitigar parte das consequências da saída temporária do fornecimento da Rússia”, sintetiza uma análise da XTB de quinta-feira.

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