Marilyn Manson processa Evan Rachel Wood em vésperas da estreia do seu documentário sobre violência doméstica

Em Phoenix Rising, da HBO, a actriz diz que foi “basicamente violada frente às câmaras” quando filmava um videoclipe do músico em 2007. Músico nega acusações de abusos de mais de uma dezena de mulheres e diz que a actriz quis auto-promover-se.

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Marilyn Manson em concerto em Portugal PAULO PIMENTA

Brian Warner, o músico conhecido como Marilyn Manson, processou a actriz e ex-namorada Evan Rachel Wood na sequência do documentário que esta vai estrear dentro de dias sobre os alegados abusos de que terá sido vítima. Mais de uma dezena de mulheres dizem ter sido alvo de violência sexual por parte do cantor. Warner defende que Evan Rachel Wood, que já testemunhou perante o Congresso dos EUA sobre o caso, fabricou uma conspiração para beneficiar a sua própria carreira.

Foi há cerca de um ano que Evan Rachel Wood, que namorou e esteve noiva do músico conhecido como Marilyn Manson entre 2006 e 2010, nomeou publicamente o homem sobre quem falou no Congresso dos EUA em 2018 e que então acusou de violação e violência doméstica. Identificando o músico, abriu as comportas para que várias mulheres de idades, proveniências e profissões diferentes, muitas delas cidadãs anónimas sem a visibilidade da actriz de Westworld, viessem a público denunciar o alegado comportamento abusivo e manipulador de Brian Warner. O capítulo mais recente dessas queixas surgiu em Novembro, quando a revista Rolling Stone e o diário Los Angeles Times publicaram duas investigações sobre a conduta do músico. Warner nega as acusações de que é alvo e está sob a mira judicial em processos cíveis movidos por pelo menos quatro mulheres.

Agora, e na iminência da estreia de Phoenix Rising, o documentário realizado por Amy Berg (Livrai-nos do Mal, A Oeste de Memphis) e protagonizado por Evan Rachel Wood, o músico alega junto do Tribunal Superior de Los Angeles que a ex-companheira e a sua amiga e artista Illma Gore estão a mentir para “ilustrar publicamente” Warner como “um violador e um abusador”. O processo tem 22 páginas e deu entrada em tribunal na quarta-feira. Phoenix Rising estreia-se nos EUA a 14 e 15 de Março e chegará a Portugal através do serviço HBO Max, que já na próxima sexta-feira substitui a HBO Portugal.

“Apresentámos esta queixa detalhada para parar a campanha de ataques maliciosos e injustificados contra Brian Warner”, disse em comunicado o advogado do músico, Howard King. No documento, cujo teor foi revelado pelo diário norte-americano USA Today, alega-se que Wood e Gore terão forjado uma carta, que fizeram passar como sendo do FBI, para convencer outras mulheres a contarem as suas histórias, e que depois treinaram essas mulheres para que acusassem Warner. Wood e Gore, argumenta ainda a acusação, criaram uma falsa conta de email em nome de Marilyn Manson para escrever mensagens “prejudiciais” que ajudassem a criar um caso contra ele.

King diz que estes alegados actos das duas mulheres pretenderiam chamar atenção para a organização sem fins lucrativos de Evan Rachel Wood, The Phoenix Act, dedicada ao apoio a vítimas de violência doméstica, bem como para o documentário da HBO.

O processo surge meses depois terem sido reveladas as acusações de várias mulheres que descrevem como a persona artística de Warner, o rocker provocador Marilyn Manson, se traduzia no foro íntimo em abusos sobre as suas companheiras ou funcionárias, sem o consentimento destas. Foi também denunciado o alegado uso de drogas para tornar essas mulheres dependentes ou confusas, bem como do processo conhecido como “grooming” em que a sedução inicial é associada a mecanismos de manipulação psicológica que mais tarde torna difícil a libertação das vítimas; estas contam histórias de uso de parafernália nazi e de terem ficado presas numa pequena cabine, entre outros detalhes. A pairar sobre os seus relatos está o facto de a personagem Marilyn Manson ter ofuscado os media, que não deslindaram o que se passava nos bastidores.

Agora, o advogado de Warner diz que foi Gore que começou a virar Wood contra o seu cliente, e que ambas teriam montado uma conspiração que “recrutou, coordenou e pressionou potenciais acusadoras a virem a público em simultâneo com alegações de violação e abuso”. O causídico assinala que só uma década depois da relação entre Wood e Warner a actriz começou a descrever a sua relação “consensual” como abusiva. E estende o mesmo argumento às outras queixosas.

A acusação, detalha por seu turno a revista Hollywood Reporter, alega ainda que Wood quis refazer a sua reputação pessoal e mostrar-se como uma defensora de vítimas destes crimes, “absolvendo-se da sua reputação de um passado rebelde e da sua vergonha por ter tido uma longa relação com Marilyn Manson”.

O documentário, que tem duas partes, a primeira das quais se estreou no Festival de Sundance no início deste ano, mostra Wood a dizer que foi “basicamente violada frente às câmaras” quando filmava um teledisco de Manson, em 2007, e vai além do caso Manson — a actriz é uma defensora do prolongamento do prazo de prescrição das acusações de violação doméstica e já o conseguiu fazendo campanha no estado da Califórnia.

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