Inflação atinge novo máximo de 5,8% na zona euro

Estimativa rápida do Eurostat mostra que Portugal voltou em Fevereiro a ficar entre os países com valor menos elevado, fixando-se nos 4,4%.

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Dados da inflação trazem consigo uma maior pressão sobre o BCE Reuters/Kai Pfaffenbach

A inflação da zona euro voltou a bater um novo recorde em Fevereiro, ao chegar aos 5,8%, depois dos 5,1% de Janeiro. De acordo com a estimativa rápida divulgada esta quarta-feira pelo Eurostat, o maior impulso foi dado pela energia (cujos preços subiram 31,7%, contra os 28,8% de Janeiro), seguindo-se, a grande distância, os alimentos, tabaco e álcool (mais 4,1%, contra os 3,5% em Janeiro).

Para se ter uma ideia da escalada que se verificou nos últimos meses, em Fevereiro de 2021 a taxa de inflação na zona euro estava nos 0,9%. E tem vindo a acelerar desde o segundo semestre de 2021, puxada precisamente pela subida dos preços dos combustíveis.

Portugal voltou a situar-se nos países com uma taxa menos elevada, com 4,4%, cabendo à França a mais baixa, com 4,1%. Mais perto da média ficou a Alemanha, com 5,5%, cabendo as taxas mais elevadas à Lituânia, com 13,9% (contra 0,4% em Fevereiro de 2021), e à Estónia, com 12,4%.

Estes dados da inflação trazem consigo uma maior pressão sobre o Banco Central Europeu, que tem também de lidar com as consequências da invasão da Ucrânia por parte da Rússia.

Entretanto, a Fitch alertou, num relatório divulgado esta quarta-feira, que os desafios da inflação podem começar a ameaçar as perspectivas económicas globais já este ano.

De acordo com a análise da agência de notação financeira, a inflação subjacente deverá cair nos Estados Unidos e na Europa no segundo semestre deste ano, permitindo que os bancos centrais normalizem a política monetária com impactos limitados no crescimento. No entanto, esta entidade adverte que existem “riscos crescentes” de que a dinâmica da inflação poderá “levar a respostas políticas mais bruscas, que teriam impactos adversos significativos na economia real”.

Os analistas da Fitch prevêem que a inflação caia à medida que a escassez de bens de consumo moderar, as restrições pandémicas na oferta de trabalho diminuam e as taxas de crescimento normalizem, mas admite que “os recentes erros de previsão da inflação reduzem a convicção nesta visão”.

Dando nota de que a inflação é um “processo dinâmico”, identificam vários factores que podem manter a inflação subjacente alta ao longo de 2022, assinalando que os “choques globais de preços de energia relacionados com crise Rússia-Ucrânia exacerbam os riscos”.

“Se a inflação subjacente continuar alta ou aumentar ainda mais e as expectativas de inflação começaram a desvincularem-se das metas, isso pode levar a movimentos rápidos dos bancos centrais”, refere o relatório.

Os analistas da Fitch consideram como “plausível” um cenário em que a inflação nos Estados Unidos continua muito elevada no segundo semestre deste ano e as expectativas de inflação de médio prazo aumentam, podendo levar a uma resposta mais agressiva da Reserva Federal norte-americana (Fed).

A Fitch estima que a taxa de juro directora da Fed suba para 3% até o fim deste ano, sublinhando que uma trajectória de ajuste da política monetária mais abrupta pode ter um forte impacto no PIB. Nesse cenário, prevê uma queda do crescimento norte-americano para 0,5% ou menos em 2023, em comparação com a previsão-base de 1,9%.

Por outro lado, a Fitch considera que o risco de um ajuste da política monetária mais abrupto por parte do Banco Central Europeu “é significativamente menor”.

Ainda assim, refere, o Quantitative Easing pode ser concluído e as taxas de juros aumentarem antes do final deste ano se a inflação continuar alta.

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