Como evitar ser enganado e espalhar informações erradas sobre a Ucrânia

Há muita informação falsa, fora de contexto e propaganda na Internet. Há alguns hábitos que ajudam a detectar informação errada.

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É importante reflectir antes de partilhar publicações nas redes sociais PABLO BLASBERG/GETTY IMAGES

Qualquer pessoa com um telefone e uma ligação à Internet pode ver a guerra na Ucrânia desenrolar-se ao vivo online, ou pelo menos alguma versão da mesma. As mensagens nas redes sociais voam mais depressa do que a maioria dos serviços de verificação de factos e moderadores conseguem suportar, e são uma mistura imprevisível de informação verdadeira, falsa, fora de contexto e pura propaganda.

Como saber em que confiar, o que não partilhar e o que denunciar? Eis alguns passos que todos devem considerar quando consomem notícias de última hora online.

Abrandar

Não carregue no botão de partilha. As redes sociais são construídas para que as coisas se tornem virais, para que os utilizadores partilhem as mensagens antes mesmo de terminarem de ler as palavras que estão a amplificar. Por mais devastador, esclarecedor ou enfurecedor que seja um TikTok, um tweet ou um vídeo do YouTube, é melhor esperar antes de o partilhar. Presuma que tudo é suspeito até confirmar a sua autenticidade.

Conferir a fonte

Veja quem está a partilhar a informação. Se for de amigos ou familiares, não confie nas publicações, a menos que estejam pessoalmente no terreno ou se tratem de um perito no tema. Se for de uma pessoa que não conhece pessoalmente ou de uma organização, lembre-se que uma marca de verificação não torna uma conta digna de confiança. Há muitos comentadores políticos e personagens muito conhecidas na Internet que estão a publicar informações imprecisas, e cabe ao leitor abordar cada mensagem com cepticismo.

Se a conta que fez a publicação não for a fonte original das palavras ou imagens, investigue de onde vieram, procurando a conta no Facebook, YouTube ou Twitter que partilhou a informação pela primeira vez. Se não for possível determinar a origem de algo, é um sinal de alerta. Tenha cuidado com coisas como capturas de ecrã, que podem ser ainda mais difíceis de localizar, ou qualquer coisa que provoque uma reacção emocional especialmente forte. A desinformação depende desse tipo de resposta para se espalhar.

Ao analisar contas individuais, olhe para a data da sua criação, que deve aparecer no perfil. Tenha cuidado com contas extremamente recentes (por exemplo, que foi criada nos últimos meses) ou com poucos seguidores.

Fazer uma lista de fontes confiáveis

Verificar os antecedentes de cada conta que partilha algo no Twitter é extremamente demorado, especialmente com novos conteúdos vindos de tantos lugares simultaneamente. Em vez disso, confie nos profissionais. Há organizações noticiosas com equipas dedicadas a verificar a origem da informação nas redes sociais. É frequente fazerem reportagens sobre os vídeos ou fotografias tiradas por pessoas reais depois de terem confirmado a sua origem.

Utilize uma ferramenta de notícias, como Apple News, Google News ou Yahoo News, que escolhem fontes de confiança e têm alguma moderação incorporada. Nas redes sociais, fazer ou encontrar listas de peritos e organizações a seguir especificamente para notícias sobre a Ucrânia. Uma das melhores formas de consumir notícias de última hora no Twitter, por exemplo, é seguir os repórteres de organizações confiáveis que estão no terreno. Na aplicação móvel do Twitter, pode adicionar uma destas listas e deslizar para a direita do seu ecrã de entrada para a ver em qualquer altura.

Procurar contexto

Há milhares de publicações legítimas de e sobre a Ucrânia, incluindo vídeos reais de tropas e histórias contadas na primeira pessoa de habitantes locais. Mesmo que se veja apenas mensagens reais, ainda pode ser confuso ou enganador. Tente contextualizar todos estes clips ou histórias com um contexto mais amplo sobre o que está a acontecer. Podem ser as peças mais convincentes de um puzzle, mas não dão a imagem completa. Misture a informação de especialistas em política externa, ciberguerra, história e política, ou recorra a canais online ou de televisão que o façam para a maioria das histórias.

Vídeos e imagens verificadas

Se estiver interessado em aprofundar o que vê, comece com o guia do Fact Checker do Washington Post sobre como analisar vídeos. Procure por múltiplas edições e cortes estranhos, ouça atentamente o áudio e analise-o através de uma ferramenta de terceiros como o InVid, que ajuda a verificar a autenticidade dos vídeos. Isto pode ser mais difícil em vídeos em directo, como os do Twitch ou de qualquer outra plataforma de vídeos em directo.

Para verificar imagens, coloque-as na pesquisa de imagens do Google, agarrando numa imagem (ou captura de ecrã) e arrastando-a para o campo de pesquisa. Se for uma imagem antiga que já circulou antes, os resultados podem ser reveladores.

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Use a ferramenta images.google.com

Utilizar sites e ferramentas de verificação de factos

Os sites das redes sociais têm algumas ferramentas de verificação de factos e colocam avisos em várias publicações. No entanto, dado o enorme volume de mensagens com que são confrontados, um vídeo problemático pode ser visto por milhões de pessoas antes de alguma vez ser sinalizado.

Fique atento a avisos em redes sociais para publicações individuais, que podem aparecer como etiquetas abaixo das ligações. Procure histórias individuais ou imagens em sites de verificação de factos, tais como The Post's Fact Checker, Snopes e PolitiFact.


Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

Tradução: Patrícia Jesus

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