Invasão da Ucrânia leva S&P a baixar rating da Rússia para “lixo”

Standard & Poor’s, agência norte-americana de avaliação de risco financeiro, reviu a notação da Rússia e da Ucrânia, à luz da invasão e conflito armado entra ambas.

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Presidente russo Vladimir Putin EPA/ALEKSEY NIKOLSKYI/SPUTNIK/KREMLIN / POOL

A agência de notação financeira Standard & Poor's desceu o rating da Rússia e da Ucrânia em um nível para cada país, devido à invasão russa do território ucraniano e da intervenção militar em curso, colocando a dívida pública da Rússia na categoria de “lixo”.

“A intervenção militar da Rússia na Ucrânia motivou fortes sanções internacionais, incluindo em grandes áreas do sistema bancário russo”, explica a S&P na nota que acompanha a decisão, anunciada ontem à noite, na qual o rating da Rússia passa a ser considerado especulativo.

“Acreditamos que as sanções anunciadas podem ter um efeito directo significativo e repercussões na actividade económica e comercial, na confiança dos consumidores e na estabilidade financeira, e também antecipamos que as tensões geopolíticas tenham impacto na confiança do sector privado, atingindo o crescimento económico”, acrescenta a agência de notação financeira.

No texto que desce a opinião sobre a qualidade do crédito soberano da Rússia de BBB- para BB+, ou seja, para o nível de recomendação de não investimento, “lixo” (ou “junk”, como é normalmente conhecido na terminologia especializada, em inglês), a S&P aponta que “existe uma enorme incerteza sobre a evolução do conflito geopolítico e a possibilidade de sanções adicionais, bem como sobre o resultado derradeiras repercussões financeiras das restrições actuais”.

Para além de colocar a Rússia em “creditwatch negativo”, ou seja, mantendo o processo de revisão do rating aberto com possibilidade de novas descidas, a S&P anunciou também que desceu o rating da Ucrânia em um nível, de B para B-, afundando a opinião do país ainda mais para território negativo.

“O assalto militar da Rússia à Ucrânia coloca riscos para o crescimento económico, estabilidade financeira, posição externas e finanças públicas, por isso descemos o rating da moeda local e externa para B-, colocando-o em “creditwatch negativo”, lê-se na nota divulgada ao mesmo tempo que a descida do rating da Rússia.

“Poderemos vir a baixar o rating se as múltiplas incertezas ligadas ao conflito militar enfraquecerem substancialmente a liquidez externa, o sistema financeiro ou a capacidade administrativa do Governo” da Ucrânia, conclui a S&P.

Um rating de nível BB, como é o caso da Rússia, está no grau especulativo, ou seja, o emissor de dívida é “menos vulnerável a curto prazo, mas enfrenta grandes incertezas com um impacto negativo nas condições empresariais, financeiras e económicas”.

Já o rating B, também de nível especulativo e que se aplica agora à Ucrânia, implica um país “mais vulnerável a condições empresariais, financeiras e económicas”, mas que “actualmente mantém a capacidade para cumprir os seus compromissos financeiros”.

A Rússia lançou na quinta-feira de madrugada uma ofensiva militar na Ucrânia, com forças terrestres e bombardeamento de alvos em várias cidades, que já provocaram pelo menos mais de 120 mortos, incluindo civis, e centenas de feridos, em território ucraniano, segundo Kiev. A ONU deu conta de 100.000 deslocados no primeiro dia de combates.

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