Vacinação contra a covid entra em nova fase e começa a passar para os centros de saúde

Os grandes centros de vacinação vão a pouco e pouco sendo encerrados. Portugal já tem 85% da população elegível com dose de reforço, adiantou o secretário de Estado Adjunto e da Saúde.

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A directora-geral de Saúde, Graça Freitas, acompanhada pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, António Lacerda Sales, e o coordenador do Núcleo de Coordenação do Plano de Vacinação contra a Covid-19, Carlos Penha-Gonçalves LUSA/MIGUEL A. LOPES

A partir da próxima terça-feira o número de centros de vacinação contra a covid-19 vai ser inferior, passando dos actuais 192 para 139 em todo o país. O anúncio foi feito esta sexta-feira pelo secretário de Estado Adjunto e da Saúde, explicando que a transição da vacinação para os centros de saúde se deve ao elevado número de população já com a dose de reforço. Segundo António Lacerda Sales, Portugal já tem 85% da população elegível com dose de reforço.

“Temos neste momento mais de 5,9 milhões de pessoas com a dose de reforço, faltando vacinar cerca de 950 mil pessoas elegíveis à data. Vivemos um tempo novo no que toca ao alívio de restrições, mas também do processo de vacinação que tem de ser adaptado e paulatinamente entrar na normalidade das nossas vidas”, disse o responsável na conferência de imprensa.

“Haverá uma alteração do dispositivo de vacinação, que já não carece da resposta que tem sido dada”, continuou António Lacerda Sales, anunciando o “processo de transição de grandes centos de vacinação para os centros de saúde, sendo mantidos os centros de vacinação nos centros populacionais onde se justifique”.

“Temos 192 centros de vacinação e passaremos 139 a partir de 1 de Março. Temos ainda 98 centros e unidades de vacinação que passarão a 145 a partir de Março”, explicou, referindo que o processo de vacinação, que tem contado com o apoio dos militares, será internalizado nos serviços de saúde. Questionado sobre a validade das vacinas e o risco de desperdício, perante a redução de pessoas elegíveis para vacinação, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde garantiu que “nunca desperdiçaremos vacinas”. “Vão continuar a ser usadas, em doações ou revendas, sendo este mecanismo em articulação com a Comissão Europeia.”

Devolver os profissionais aos locais de origem

Lacerda Sales lembrou que “os grandes centros de vacinação têm funcionado em espaços com outras funções, como pavilhões desportivos”, e que é importante devolvê-los à população. “Também é importante que os profissionais de saúde regressem aos locais de origem e possam dar o seu contributo na recuperação da actividade assistencial”, acrescentou.

O coronel Penha Gonçalves, coordenador do núcleo de vacinação, não revelou quais os centros de vacinação que irão encerrar, mas questionado sobre o centro de vacinação de Lisboa instalado na FIL adiantou que este “vai ser realojado em três centros mais pequenos”. Quantos às alterações que vão acontecer por todo o país, explicou que o processo de adaptação corre em duas frentes. Por um lado, irão “manter centros de vacinação localmente onde estão, reduzindo capacidade com a flexibilização e redução de horários, e um outro movimento que será fechar e desmantelar alguns centros e realoca-los nas unidades funcionais”.

“Este processo vai decorrer nas próximas semanas e vai reduzir a capacidade instalada [de vacinação] de 625 mil para uma capacidade de 100 mil pessoas por semana”, explicou Penha Gonçalves.

A Câmara Municipal de Oeiras também em funcionamento um centro de vacinação desde Fevereiro de 2021. Em resposta o PÚBLICO, dada esta quinta-feira, a autarquia referiu que espaço – que este mês já sofreu uma redução no horário - vai manter-se em funcionamento até o Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) Lisboa Ocidental e Oeiras assumir o processo de vacinação nas suas unidades. Questionada sobre os encargos com esta estrutura, a autarquia referiu os mesmos ascendem aos 2 milhões de euros e destacou os custos com medidas de adequação do espaço no valor de 162 mil euros e na contratação de enfermeiros para reforço da equipa do ACES Lisboa Ocidental e Oeiras de cerca de 720 mil euros.

Ainda na conferência de imprensa, a directora-geral da Saúde disse que Portugal vai adquirir o antiviral da Pfizer contra a covid-19, mas sem confirmar quantidades ou quando estará disponível em Portugal. “Estão neste momento em curso os mecanismos para adquirir quantidades que não lhe vou dizer, porque estão a ser ajustadas diariamente”, afirmou Graça Freitas. No final de Janeiro, a Agência Europeia do Medicamento (EMA, sigla inglesa) autorizou o uso de Paxlovid, antiviral da Pfizer para tratar doença grave.

Segundo Graça Freitas, Portugal já está a apresentar pedidos de reserva, através do Infarmed e da Direcção-Geral da Saúde, mas a responsável não confirmou quando é que aquele medicamento vai estar disponível. Questionada se o antiviral poderia substituir uma eventual quarta dose da vacina contra a covid-19, a directora-geral sublinhou que “têm indicações totalmente diferentes”. “A vacina é um medicamento que é utilizado para, preferencialmente, prevenção primária. Este antiviral destina-se a alguns doentes, com determinadas características, e é para evitar a progressão da doença”, explicou.

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