Falta de lampreia leva Penacova a cancelar festival

A seca leva à redução dos caudais do rio e a uma consequente ausência de lampreia. Para já, o festim gastronómico é cancelado, mantendo-se outras actividades previstas para o fim-de-semana.

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Escassez de lampreia no Mondego levou a uma subida a pique dos preços ADRIANO MIRANDA / PUBLICO

A Câmara Municipal de Penacova decidiu cancelar o Festival da Lampreia, agendado para o fim-de-semana, face à escassez daquele peixe no mercado, anunciou a autarquia.

“Depois de ouvir os restaurantes, o município de Penacova decidiu cancelar o Festival da Lampreia”, indica-se, acrescentando que “nos últimos dias, a escassez de lampreia no mercado agudizou-se e os fornecedores não conseguem abastecer os restaurantes”.

A autarquia realçou que “foi sensível ao argumento dos empresários da restauração que temiam não poder responder à elevada procura”.

Segundo a nota de imprensa, “a seca prolongada levou a uma redução de caudais dos rios e a uma consequente ausência de lampreia”.

“Na programação prevista para o fim-de-semana, mantém-se a abertura do posto de turismo da EN2 [Estrada Nacional 2] e a caminhada Trilhos do Mondego, prevista para domingo”, acrescentou.

A Câmara de Penacova explicou ainda que, caso as circunstâncias se alterem o município, “equaciona reagendar o evento”.

A meados de Fevereiro, numa reportagem da Lusa, os restaurantes de Penacova queixavam-se da escassez de lampreia no rio Mondego, que levou a uma subida a pique dos preços praticados.

Nessa mesma reportagem, o coordenador do projecto ANADROMOS, que monitoriza a passagem de peixes pelo açude-ponte do Mondego, Pedro Raposo, notou que “está a passar muito pouca lampreia” e considerou que se está perante “uma situação muito dramática”, não apenas naquele rio, mas também noutros, como o Lima, no norte do país.

“O efeito que temos aqui é a falta de água”, explicou na altura o investigador, salientando que a seca leva à redução dos caudais do rio e a uma consequente ausência de lampreia.

“O futuro não é promissor. Estando esta espécie em Portugal no limite da sua distribuição, o aumento da frequência de anos secos vai necessariamente contrair aquilo que são os seus efectivos populacionais”, sublinhou.

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