Bloco: Portugal “deve condenar” Putin e demarcar-se do “apoio aos EUA e à expansão da NATO”

Os bloquistas sustentam que “o Governo português deve actuar para que a Ucrânia possa ter um estatuto de facto congénere ao da Finlândia”.

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Comissão Política do partido liderado por Catarina Martins reuniu-se esta quarta-feira Matilde Fieschi

O Bloco de Esquerda defendeu esta quarta-feira que Portugal deve condenar “a aventura militar” do Presidente russo, Vladimir Putin, em relação à Ucrânia, mas demarcar-se dos “posicionamentos de apoio aos EUA e à expansão da NATO”.

Numa nota da Comissão Política do BE, intitulada “Não à agressão imperialista da Rússia. Por uma Ucrânia integral e neutral”, o partido liderado por Catarina Martins refere que “perante a anexação do Donbass, o Bloco condena a aventura militar de Putin, aliás acompanhada de um discurso imperialista que nega o direito da Ucrânia à existência como Estado independente”.

“Trata-se da rejeição dos Acordos de Minsk, violados por ambas as partes ao longo dos anos. Esta anexação configura, sem margem para dúvidas, uma ruptura com o processo anterior, a partição do território da Ucrânia, cujas fronteiras são reconhecidas pelas Nações Unidas, totalmente à revelia do direito internacional. A actuação de Putin só encontra acolhimento significativo em conhecidas personalidades da extrema-direita europeia”, critica.

Assim, para o BE, “Portugal deve condenar a aventura militar de Putin e demarcar-se dos posicionamentos de apoio aos EUA e à expansão da NATO”. Portugal pode, na análise dos bloquistas, “apoiar a aplicação de sanções aos dirigentes russos, aos oligarcas seus apoiantes e respectivas companhias internacionais, oferecendo a sua solidariedade política e diplomática à Ucrânia para a preservação do seu território”.

“O Governo português deve, no quadro da União Europeia, insistir na via diplomática para definir termos de cessar-fogo no Donbass e para a convivência na região”, defendem. Na perspectiva dos bloquistas, “a imposição americana de armamento e bases da NATO ao longo das fronteiras da Federação Russa resulta num agravamento das tensões e numa escalada do conflito à maneira da Guerra Fria”.

“O Governo português deve actuar para que a Ucrânia possa ter um estatuto de facto congénere ao da Finlândia – de neutralidade respeitada. É numa tal solução, aceitável por todas as partes, que as diplomacias europeias deveriam empenhar os seus esforços”, propõem.

O BE recorda ainda uma resolução da Mesa Nacional do partido, de 5 de Fevereiro, na qual alertava que “o reforço da máquina de guerra da NATO, a pretexto das manobras militares do imperialismo russo”, punha em perigo “a paz na Europa” e que a Rússia devia “incondicionalmente respeitar a integridade territorial da Ucrânia”.

O Presidente russo, Vladimir Putin, reconheceu, na segunda-feira, as autoproclamadas repúblicas populares de Donetsk e Lugansk, no Donbass, e autorizou o exército russo a enviar uma força de “manutenção da paz” para aqueles territórios no leste da Ucrânia.

A decisão foi tomada após meses de elevada tensão entre a Rússia e o Ocidente, depois de Moscovo ter concentrado dezenas de milhares de tropas nas fronteiras com a vizinha Ucrânia, mas enquadra-se num diferendo iniciado há três décadas.

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