Estado, famílias e empresas estão mais endividadas mas peso da dívida no PIB baixou

Crédito à habitação aumentou 4,07% em 2021. Dívida da indústria transformadora liderou aumento no sector empresarial.

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Nelson Garrido

Em 2021, o endividamento do sector não financeiro (administrações públicas, empresas e particulares) aumentou 16.900 milhões de euros, para 768.100 milhões de euros, segundo dados do Banco de Portugal revelados nesta terça-feira. Porém, como o aumento do Produto Interno Bruto (PIB) registado em 2021 foi superior ao acréscimo do endividamento, o peso do endividamento da economia em percentagem do PIB até baixou de 375,4% para 363,3% do PIB.

Assim, em 2021 regista-se “uma redução do endividamento do sector público de 170,6% para 162,8% do PIB e um decréscimo do endividamento do sector privado de 204,8% para 200,5% do PIB”.

Em termos nominais, segundo a instituição liderada por Mário Centeno, o endividamento do sector público (administrações públicas e empresas públicas) aumentou 2700 milhões de euros, para 344.100 milhões de euros. “Esta subida resultou, sobretudo, do crescimento do endividamento perante o sector financeiro e as próprias administrações públicas (11.500 e 3400 milhões de euros, respectivamente), o que foi parcialmente compensado pela diminuição do endividamento junto do exterior e dos particulares (10.800 e 1800 milhões de euros, respectivamente).”

Já o endividamento do sector privado (empresas privadas e particulares) aumentou 14.200 milhões de euros, para 424.000 milhões de euros.

Nas empresas privadas a subida foi de 9400 milhões de euros. Isto equivale a dizer que "entre o final de 2020 e o final de 2021, o endividamento total das empresas privadas cresceu 4,2%, mais três pontos percentuais do que entre 2019 e 2020”.

Num ano em que ainda se sentiram fortes restrições à actividade económica por causa da pandemia de covid-19, coube ao sector as indústrias transformadoras e extractivas o maior quinhão (6,5%) da subida do endividamento.

Este crescimento reflecte-se, “principalmente, no financiamento obtido junto do exterior (7100 milhões de euros); no entanto, também aumentou o endividamento perante o sector financeiro e perante as próprias empresas privadas (1200 milhões de euros, em ambos os casos)”, diz o banco central.

O endividamento dos particulares, por seu lado, “subiu 4800 milhões de euros e resultou no incremento do endividamento em relação ao sector financeiro”. Em termos percentuais, equivale a um aumento de 3,6% entre o final de 2020 e o final de 2021, mais 1,1 pontos percentuais do que entre 2019 e 2020.

Analisando os agregados ao crédito total, nota-se que o crédito a particulares para consumo e outros fins recomeçou a subir em Setembro de 2021, tendo terminado o ano com uma taxa de variação anual de 2,18% (abaixo dos 2,80% de 2020). No entanto, foi o crédito à habitação que mais subiu, sem interrupções ou quebras, como sucedeu durante alguns meses de 2021 no crédito ao consumo e outros fins.

De acordo com o banco central, o crédito à habitação fechou 2021 com uma taxa de variação anual de 4,07%, o que compara com uma taxa de variação anual de 1,65% em 2020.

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