IP vai passar Estação Nova desactivada para o município de Coimbra

Autarquia ainda não sabe o que vai fazer com o edifício. Instalação de Pólo Europeu do Museu da Língua Portuguesa é possibilidade.

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O uso a dar ao edifício da Estação Nova ainda está em aberto Adriano Miranda / PUBLICO

Quando deixar de servir como gare ferroviária, a Estação Nova de Coimbra vai passar da Infra-estruturas de Portugal para domínio camarário. A informação foi avançada nesta segunda-feira, em reunião de executivo, pelo presidente da Câmara Municipal de Coimbra (CMC), José Manuel Silva. “A IP vai entregar à cidade o edifício da Estação Nova”, anunciou o autarca, ao falar sobre o edifício que será desactivado no âmbito do projecto de instalação dos autocarros eléctricos (metrobus) do Sistema de Mobilidade do Mondego.

Apesar de haver uma petição para evitar o encerramento da estação ferroviária mais próxima do centro de Coimbra, José Manuel Silva disse que “é impossível alterar agora todo o projecto do metrobus, excepto com elevadérrimos custos, irremediáveis atrasos, perda de financiamentos europeus”. Aos jornalistas, o autarca acrescentou que o acordo com a IP “ainda não está formalizado”, mas que a indicação foi dada pela empresa pública, em reunião com a CMC.

Com a desactivação da estação, que está classificada como monumento de interesse público, há vários terrenos na beira rio, também propriedade da IP, que ficam sem utilização. Na tentativa de afastar o “fantasma” da especulação imobiliária, José Manuel Silva diz que “há apenas um terreno da IP com capacidade construtiva” e que a postura da empresa tem sido “irrepreensível” e de “diálogo com a câmara”. “A IP está a aguardar as decisões da Câmara relativamente ao que esta pretende para aquele espaço, antes sequer de apresentar um Pedido de Informação Prévia”, nota ainda o presidente. Até dia 1 de Março, decorre o período de consulta pública sobre o Estudo Urbanístico Frente de Rio – Margem Direita.

O uso a dar ao edifício da Estação Nova ainda está em aberto. Tanto pode ser o Pólo Europeu do Museu da Língua Portuguesa (MLP) que Coimbra quer albergar como um “ninho de empresas” ou um espaço de “gastronomia e cultura”, aventou José Manuel Silva. Nesta fase, “há plasticidade suficiente”, para se decidir sobre o futuro do espaço. Também nesta segunda-feira, o executivo camarário de Coimbra aprovou um protocolo com o Estado de São Paulo e com a Fundação Roberto Marinho, para levar para a cidade um braço do MLP, num projecto que deverá custar seis milhões de euros.

A estimativa é apresentada no bid book da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura (CEC) em 2017. O documento menciona também que o museu deverá ser instalado num edifício classificado como património da humanidade pela UNESCO. No entanto, José Manuel Silva refere que a autarquia tentou adquirir um dos antigos colégios da Rua da Sofia para o efeito, mas diz que o proprietário privado não se mostrou disponível para vender.

O PS local sugere que este pólo do MLP – uma ideia lançada no âmbito da candidatura de Coimbra a Capital Europeia da Cultura em 2027 – seja instalado no edifício ferroviário, numa aparente simetria com a casa-mãe, em São Paulo, situada na Estação da Luz (embora esta tenha escala suficiente para albergar o museu e não perca o seu serviço de transportes públicos).

No dia 11 de Março, depois de todas as 12 cidades portuguesas candidatas a CEC 2027 serem ouvidas pelo júri internacional, será anunciada uma pré-selecção. Ainda assim, o autarca de Coimbra diz que o projecto do Museu da Língua Portuguesa é para avançar, independentemente do sucesso da candidatura. Depois de assinado o protocolo, os passos seguintes passam por constituir uma equipa de trabalho para desenhar o que será este pólo europeu.

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