Centro Wiesenthal pede expulsão de eurodeputado búlgaro que terá feito saudação nazi no Parlamento Europeu

Roberta Metsola abriu um procedimento de sanção contra Angel Dzhambazki, que saiu em defesa da Hungria e da Polónia na questão do Estado de direito.

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Angel Dzhambazki foi eleito pelo partido nacionalista búlgaro IMRO DR

O Centro Wiesenthal pediu a destituição do eurodeputado búlgaro Angel Dzhambazki, eleito pelo partido nacionalista IMRO e membro do grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus no Parlamento Europeu, se a investigação confirmar que fez a saudação nazi num debate no plenário. Para a instituição dedicada a recordar as vítimas do nazismo, Dzhambazki devia ser também impedido de entrar nos Estados Unidos.

Falando num debate, na quarta-feira no plenário do PE, sobre o Estado de direito na União Europeia, em que defendeu a posição da Hungria e Polónia no diferendo com as instituições de Bruxelas, o eurodeputado afirmou: “Nunca permitiremos que nos digam o que fazer. Vida longa a Orbán e ao Fidesz, vida longa a Kaczynski e ao PiS, vida longa à Bulgária e ao nosso Estado-nação.”

Uma defesa vigorosa das soberanias nacionais dentro da UE que seria colmatada com um “vida longa à Europa das nações” e a alegada saudação nazi.

A presidente do PE, Roberta Metsola, condenou o gesto e no próprio dia abriu um procedimento de sanção com base no artigo 176.º do Parlamento, relacionada com “graves casos de incumprimento” da conduta de deputado.

“A saudação fascista no Parlamento Europeu é inaceitável para mim – sempre e em todo o lado”, escreveu Roberta Metsola no Twitter.

Em comunicado, citado pela Europa Press, o Centro Wiesenthal afirma que se a investigação concluir que se tratou mesmo de uma saudação nazi, o eurodeputado “deveria ser destituído”.

E, mesmo que não seja afastado do PE, Shimon Samuelsen, director de Relações Internacionais do centro, recomenda que, uma vez que Dzhambazki faz parte das comissões dos Assuntos Externos, Assuntos Legais e Desinformação, bem como da delegação da UE para as relações com os Estados Unidos, deveria ser “proibida a sua entrada” em território norte-americano.

Se o procedimento do PE concluir que o eurodeputado búlgaro, com o seu gesto, não preservou “a dignidade do Parlamento” e lesou a sua reputação, como refere o artigo 10.º do regimento, as sanções poderão ir da simples censura à proibição de representar a instituição numa delegação ou conferência interparlamentar ou em fóruns institucionais no período máximo de um ano.

"Gesto inocente"

Numa carta escrita aos seus colegas eurodeputados, Dzhambazki garante que ficou “chocado” que o seu gesto inocente tenha sido entendido como uma saudação nazi.

Considerando que a acusação contra si é uma “difamação”, o político búlgaro, que é vice-presidente do seu partido nacionalista, disse que “a situação é muito simples”, no final do seu discurso inflamado e que, admite, “provocou” muitos membros do Parlamento, quis desculpar-se “acenando humildemente para a presidente”.

“Imaginem a minha surpresa quando, em consequência deste acenar, fui acusado de fazer a saudação nazi”, escreveu Dzhambazki, pedindo desculpa que o seu “aceno inocente” tenha “insultado alguém”.

Na quinta-feira o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus, do Vox espanhol e do Lei e Justiça (PiS) polaco, e onde estavam os conservadores britânicos até à saída do Reino Unido da UE, afirmou, na quinta-feira, que iniciou uma “investigação interna” e agora “espera a decisão do Parlamento Europeu sobre o assunto”.

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